O Conselho Nacional de Educação (CNE) aprovou em julho de 2025 um parecer que torna obrigatória a inclusão de conteúdos de Inteligência Artificial (IA) nos cursos de Pedagogia e nas demais licenciaturas no Brasil. O texto aguarda homologação do Ministério da Educação (MEC) e prevê a capacitação de futuros docentes para o uso responsável da tecnologia em sala de aula, desde a personalização da aprendizagem até o apoio à inclusão.
A decisão foi discutida na mesma semana em que o escritor norte-americano Ted Chiang, autor que inspirou o filme “A Chegada”, participou de um evento promovido pela PINA – casa de reputação e storytelling – em São Paulo. Durante a conversa, Chiang classificou como “devastador” o impacto da IA na educação infantil e defendeu que o recurso seja evitado nesse estágio de ensino.
Filho de imigrantes chineses, Chiang destacou preocupações como o consumo energético no treinamento de modelos, questões de propriedade intelectual e o risco de uma “atrofia intelectual coletiva”. Segundo ele, limitar o acesso de crianças à tecnologia seria a forma mais segura de proteger o desenvolvimento cognitivo.
O parecer do CNE, por outro lado, parte da premissa de que a IA já faz parte do cotidiano dos estudantes e defende a preparação de professores para lidar com a ferramenta. Entre os objetivos estão a correção automatizada de avaliações, a criação de trilhas de aprendizagem personalizadas e a identificação precoce de dificuldades dos alunos, liberando tempo para a mediação humana.
A proposta também reconhece os desafios associados à tecnologia. Ferramentas de detecção de textos produzidos por IA ainda apresentam falhas, e métodos tradicionais de avaliação escolar precisam ser revistos. O documento do CNE reforça que o foco não é substituir o professor, mas oferecer subsídios para o uso crítico e ético dos recursos digitais.

Imagem: infomoney.com.br
Com a homologação do MEC ainda pendente, o debate sobre o papel da IA nas escolas segue dividido entre o alerta de especialistas como Ted Chiang e a postura pragmática de adaptação defendida pelo parecer do Conselho Nacional de Educação.
Com informações de InfoMoney