A observação de plantas e animais tem guiado pesquisas que resultam em produtos mais eficientes e sustentáveis. O princípio, conhecido como biomimética, procura copiar estruturas e comportamentos desenvolvidos ao longo da evolução para resolver desafios humanos. A seguir, veja cinco tecnologias criadas a partir desse conceito.
Girassol motiva painel solar que segue o Sol
O movimento heliotrópico do girassol serviu de modelo para o Smartflower, sistema fotovoltaico capaz de girar em dois eixos e acompanhar a posição solar durante todo o dia. Segundo os desenvolvedores, o rastreamento automático eleva a produção de energia em até 40 % na comparação com painéis fixos. O equipamento ainda recolhe as “pétalas” em caso de ventos fortes e conta com mecanismo de autolimpeza.
Sementes de bardana dão origem ao velcro
Em 1941, o engenheiro suíço Georges de Mestral percebeu que sementes de bardana ficavam presas às roupas e ao pelo de seu cachorro. No microscópio, identificou minúsculos ganchos nos frutos, o que o levou a criar um sistema composto por duas tiras: uma repleta de ganchos e outra de laços. Nascia o velcro, junção das palavras francesas “velours” (veludo) e “crochet” (gancho), hoje presente em peças de vestuário, calçados, mochilas e aparelhos médicos.
Nadadeira de baleia inspira lâmina de turbina
As nadadeiras das baleias-jubarte exibem saliências chamadas tubérculos que organizam o fluxo de água e aumentam a propulsão. Esse desenho foi transferido para as lâminas da turbina WhalePower, que apresentam nervuras semelhantes. O formato reduz o atrito do ar em até 32 % e entrega ganhos de eficiência próximos de 20 % em relação às pás lisas. A mesma geometria pode ser aplicada em ventiladores, hélices e sistemas de refrigeração.
Pele de tubarão reduz resistência em roupas e veículos
A superfície dos tubarões é coberta por escamas microscópicas em forma de dentículos que diminuem a resistência da água. A textura levou ao desenvolvimento de revestimentos de baixo atrito usados em trajes de natação de alto desempenho — como os que ajudaram Michael Phelps a bater recordes nos Jogos Rio 2016 — e em cascos de navios, submarinos e aeronaves, onde a menor resistência se traduz em economia de energia.

Imagem: Gregor Tatschl Wikimedia
Quitina de camarão e seda formam o Shrilk
Pesquisadores combinaram quitina extraída de cascas de camarão com proteínas da seda para criar o Shrilk, material tão resistente quanto o alumínio e com metade do peso. Biodegradável e biocompatível, o composto pode ser empregado em suturas, curativos, moldes para regeneração de tecidos e como alternativa ao plástico em embalagens descartáveis. Ao se decompor, libera nutrientes que atuam como fertilizante.
Esses exemplos demonstram como a biomimética transforma observações do mundo natural em soluções tecnológicas para energia, saúde, transporte e indústria.
Com informações de Olhar Digital