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Voto de Fux aponta sete nulidades e contraria Moraes em julgamento de Bolsonaro

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O ministro Luiz Fux apresentou nesta quarta-feira (10.set.2025) voto divergente no julgamento da ação penal que acusa o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros investigados de tentativa de golpe de Estado. Ao rebater o relator, ministro Alexandre de Moraes, Fux listou sete pontos que, segundo ele, comprometem a regularidade do processo no Supremo Tribunal Federal (STF).

1. Falta de competência do STF

Fux sustentou que, como os acusados não ocupam mais cargos com foro privilegiado, o caso deveria tramitar na primeira instância. O ministro lembrou precedentes da Operação Lava Jato, entre eles a anulação das condenações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para defender a nulidade de todos os atos decisórios por violação ao princípio do juiz natural.

2. Julgamento deveria ocorrer no plenário

Mesmo que se reconheça foro especial, o magistrado argumentou que o julgamento não poderia ficar restrito à Primeira Turma. “Ou desce para a primeira instância, ou sobe para o plenário”, resumiu.

3. Defesa cerceada por “data dump”

O ministro classificou como cerceamento de defesa a entrega “tardia e massiva” de provas: cerca de 1.200 equipamentos apreendidos, 255 milhões de mensagens e 70 terabytes de dados, juntados sem indexação adequada. Segundo Fux, o intervalo de 161 dias entre o recebimento da denúncia e o início do julgamento foi insuficiente para análise desse material.

4. Crimes contra a democracia não configurados

No mérito, Fux entendeu que não houve atos executórios capazes de caracterizar golpe de Estado ou abolição violenta do Estado Democrático de Direito. Para ele, cogitação e preparação “não podem ser punidas”.

5. Organização criminosa armada não comprovada

O voto afirma que falta prova de estabilidade, permanência e uso efetivo de armas para enquadrar os réus no crime de organização criminosa armada. Ter posse ou porte registrado, destacou, não basta.

6. Ausência de individualização de condutas

Ao analisar os danos de 8 de janeiro de 2023, Fux disse que nenhum acusado pode responder por atos praticados por terceiros, citando decisões anteriores sobre protestos no Incra e absolvições de black blocs.

7. Tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito

Para o ministro, tipificar esse delito exige, entre outros requisitos, ataque a todos os pilares da democracia. Ele ressaltou que “falas infelizes de políticos devem ser resolvidas nas urnas, não nos tribunais”.

As divergências de Fux fortalecem argumentos já apresentados pelas defesas e podem embasar pedidos de revisão ou recursos internos e externos. Apesar de voto isolado, sua manifestação expõe falta de consenso no STF sobre o caso e pode influenciar futuros desdobramentos judiciais e políticos.

Com informações de Gazeta do Povo

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