Brasília – O ex-chefe da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Eduardo Tagliaferro, declarou que o órgão atuou para tirar do ar mais de 3 mil perfis de usuários brasileiros em plataformas digitais. A informação foi dada nesta quinta-feira (28), em entrevista ao programa Sem Rodeios, exibido no YouTube pela Gazeta do Povo.
Segundo Tagliaferro, as remoções atendiam a solicitações enviadas ao gabinete do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do TSE durante o ano eleitoral de 2022. Ele relatou que sua equipe recebia denúncias sobre supostas publicações falsas por diferentes canais, inclusive servidores do TSE e o próprio gabinete do ministro.
O ex-assessor afirmou que o grupo não recebia treinamento formal para analisar conteúdos. “Éramos um gabinete receptivo; verificávamos a postagem, identificávamos o perfil e encaminhávamos para decisão do ministro”, contou. Tagliaferro descreveu a estrutura como “uma metralhadora de combate à direita” e disse que as medidas não eram direcionadas a perfis de esquerda.
Mensagens internas sobre Carla Zambelli
Tagliaferro comentou ainda troca de mensagens de outubro de 2022, reveladas pela revista Oeste, segundo as quais auxiliares de Moraes teriam monitorado e atuado contra a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP). Nos diálogos, o juiz auxiliar Marco Antônio Vargas escreveu que determinada publicação seria “boa de ferrar” a parlamentar, enquanto o servidor Airton Vieira informou ter ligado para Moraes, que teria autorizado o bloqueio da conta de Zambelli.
Dois anos após as mensagens, a deputada segue investigada em inquéritos no STF sobre suposta milícia digital, os atos de 8 de janeiro e a divulgação de conteúdos considerados desinformação. Todas as medidas foram autorizadas por Moraes.

Imagem: Alejandro Zambrana
A Gazeta do Povo solicitou posicionamento do STF sobre as declarações de Tagliaferro e aguarda resposta.
Com informações de Gazeta do Povo