Brasília – O líder do PT na Câmara dos Deputados, Lindbergh Farias (PT-RJ), protocolou na quinta-feira, 28 de agosto de 2025, um requerimento para instalar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) destinada a investigar a participação de fintechs e bancos digitais em um esquema de lavagem de dinheiro atribuído ao Primeiro Comando da Capital (PCC).
O pedido ocorre após três operações policiais que identificaram movimentações financeiras que somam R$ 52 bilhões realizadas por meio de plataformas digitais. As investigações apontam que a facção criminosa mantém cerca de R$ 30 bilhões distribuídos em 40 fundos de investimento operados por corretoras, muitas delas situadas na Avenida Faria Lima, em São Paulo.
Objetivo da CPI
De acordo com Farias, o colegiado pretende apurar as conexões entre o crime organizado, instituições financeiras digitais e setores produtivos, além de verificar a disseminação de desinformação que, segundo ele, atrapalha o combate à lavagem de dinheiro. “A CPI vai enfrentar o crime organizado, a intermediação das fintechs da Faria Lima e as redes de desinformação usadas para atacar instituições”, afirmou o deputado.
Regras mais rígidas
A Receita Federal confirmou que fintechs vêm sendo utilizadas para ocultar recursos ilícitos em razão de normas menos rígidas de transparência. Em 2023, o órgão chegou a editar uma instrução que obrigava essas empresas a prestar informações, mas a medida foi revogada após interpretação equivocada de que criaria um novo imposto sobre meios de pagamento.
Com a descoberta do novo esquema, a Receita publicou, nesta sexta-feira, 29 de agosto, uma norma que equipara fintechs a instituições financeiras tradicionais em obrigações de reporte. O texto se baseia na Lei 12.865/2013, que regula o Sistema de Pagamentos Brasileiro, e busca reforçar mecanismos de prevenção à lavagem de dinheiro no ambiente digital.

Imagem: Bruno Spada
Próximos passos
O requerimento de criação da CPI será analisado pela Mesa Diretora da Câmara nos próximos dias. Caso aprovado, o colegiado terá poderes para convocar autoridades, especialistas e representantes das fintechs a fim de esclarecer o papel dessas empresas no que é considerado o maior esquema de lavagem de dinheiro já identificado no país.
Com informações de Gazeta do Povo