A oposição ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva aposta na combinação de protestos marcados para 7 de Setembro e na ameaça de sanções dos Estados Unidos para tentar alterar o rumo do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que começa nesta terça-feira (2) na Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF).
Início do julgamento
O processo, relatado pelo ministro Alexandre de Moraes, envolve Bolsonaro e outros sete acusados por suposta tentativa de golpe de Estado. Os cinco ministros da Turma — Moraes, Cármen Lúcia, Luiz Fux, Cristiano Zanin e Flávio Dino — já elaboraram seus votos. Moraes abre a votação.
Ameaças de sanção norte-americana
No exterior, o presidente dos EUA, Donald Trump, tem sinalizado possíveis punições ao Brasil caso o STF condene Bolsonaro. Nas redes sociais, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) afirmou que não se trata de ameaça, “apenas um aviso”, lembrando a sanção imposta por Washington a Moraes no passado.
Bolsonaro em prisão domiciliar
Desde decisão de Moraes, Bolsonaro cumpre prisão domiciliar, usa tornozeleira eletrônica e está sob vigilância policial permanente no condomínio onde mora em Brasília. O relator justificou a medida por descumprimento de restrições anteriores e alegado risco de fuga.
Críticas ao rito processual
Juristas apontam aceleração incomum do processo, cerceamento de defesa e questionam a escolha da Primeira Turma, e não do plenário completo. O advogado Jeffrey Chiquini, que defende Filipe Martins, diz que os votos “já estão prontos” e que a única possibilidade de mudança seria Fux pedir o envio do caso ao plenário.
Mobilização para 7 de Setembro
Parlamentares bolsonaristas organizam manifestações em capitais como Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. O deputado Gustavo Gayer (PL-GO) promete atos “gigantes”. Os colegas Nikolas Ferreira (PL-MG), Ubiratan Sanderson (PL-RS), o senador Magno Malta (PL-ES) e o pastor Silas Malafaia reforçam a convocação.
Na manhã desta terça (2), deputados da oposição reúnem-se na residência do líder da bancada, Luciano Zucco (PL-RS), para definir como acompanharão o julgamento e quais medidas políticas adotar nas próximas semanas.
Efeitos políticos em disputa
Para o cientista político Leonardo Barreto, da Think Policy, embora o desfecho pareça previsível, as consequências são imprevisíveis. Ele antevê reações em cadeia que podem influenciar as eleições de 2026, aumentar a pressão sobre o STF e exigir resposta diplomática de Lula caso Trump aplique sanções.

Imagem: Bruno Peres
Destino da eventual pena
A possibilidade de condenação já reacendeu discussões sobre onde Bolsonaro poderia cumprir pena. Nos bastidores, fala-se em cela especial no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília. Uma sala na sede da Polícia Federal serviria apenas para prisão preventiva. Prisão domiciliar, como no caso de Fernando Collor, também é cogitada.
Casa Branca acompanha julgamento
O governo Trump convidou Eduardo Bolsonaro e o comentarista Paulo Figueiredo para acompanhar a sessão diretamente da Casa Branca. A iniciativa visa manter Washington informado e calibrar eventuais respostas ao resultado. Empresários brasileiros temem novas tarifas anunciadas por Trump em julho e possíveis sanções individuais a ministros do STF.
Atos já começaram
No domingo (31/8), apoiadores realizaram carreata, concentração e oração em frente ao condomínio onde Bolsonaro está preso, antecipando a mobilização marcada para o próximo fim de semana.
O julgamento no STF deve coincidir com o pico da mobilização nas ruas e com a pressão internacional, cenário que a oposição espera converter em argumentos para suspender o processo ou favorecer a absolvição do ex-presidente.
Com informações de Gazeta do Povo