O episódio do podcast Ouça Essa, publicado em 13 de setembro de 2025 pela Gazeta do Povo, estabeleceu um paralelo entre o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e Odorico Paraguaçu, prefeito fictício criado por Dias Gomes para a obra “O Bem Amado”.
No programa, jornalistas recordam que, na trama televisiva, Odorico tentava contornar a Justiça local. A comparação surgiu durante a análise do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, acusado de conspirar contra a democracia e de ofender Moraes em um ato público.
Julgamento no STF
Alexandre de Moraes presidiu a sessão em que o STF avaliou se as frases de Bolsonaro — “Sai, Alexandre de Moraes!”, “Acabou o tempo!” e “Deixa de ser canalha!” — caracterizam crime. O ministro argumentou, em aparte ao voto da ministra Cármen Lúcia, que incitar a população contra o Judiciário poderia ameaçar a integridade de juízes em todo o país.
“Algum de nós permitiria e afirmaria que é liberdade de expressão e não crime se um prefeito numa cidade do interior, mediante milhares de pessoas, insuflar o povo contra o juiz da comarca dizendo que não vai mais cumprir decisões do juiz da comarca? Nós aqui placitaríamos isso?”, questionou Moraes durante a sessão.
Ele prosseguiu: “Qual o recado que nós queremos deixar para o poder Judiciário brasileiro? Qual o precedente que nós queremos deixar para o juiz lá da comarca, que não tem a segurança que nós temos? Vamos placitar que todo prefeito possa ir no dia 7 de Setembro como um patriota jogar a população contra o Judiciário?”
Liberdade de expressão em debate
O podcast sustenta que a condenação de Bolsonaro por ofensas verbais funciona como “recado” a políticos, jornalistas e cidadãos críticos ao Judiciário. Os apresentadores também ressaltam a presença de outros ministros na sessão, como Cármen Lúcia e Flávio Dino, que citaram poesias e fizeram comentários bem-humorados durante os votos.

Imagem: Gazeta do Povo
Na análise do Ouça Essa, a comparação com Odorico Paraguaçu evidencia uma inversão do enredo original: no seriado dos anos 1970, o político tentava afrontar as decisões judiciais, enquanto, no julgamento atual, seria o magistrado quem delimitaria a liberdade de manifestação.
O episódio conclui apontando que a discussão sobre os limites entre crítica e crime permanece central para o debate público no país.
Com informações de Gazeta do Povo