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Oposição assume CPMI do INSS e impõe novo teste político a Lula até 2026

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Brasília — A instalação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS, prevista para iniciar os trabalhos nesta terça-feira (26), colocou o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sob pressão renovada a pouco mais de um ano da campanha presidencial de 2026. Com a presidência do senador Carlos Viana (Podemos-MG) e a relatoria do deputado Alfredo Gaspar (União-AL) — postos conquistados pela oposição após manobra de bastidores — o colegiado promete sessões semanais, às segundas e quintas-feiras, focadas em um esquema que desviou cerca de R$ 6,3 bilhões de aposentados e pensionistas entre 2019 e 2024.

Composição invertida

A troca de comando frustrou indicações iniciais feitas pelos presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), que pretendiam emplacar Omar Aziz (PSD-AM) e Ricardo Ayres (Republicanos-TO). A mudança empurrou o Planalto para a defensiva justamente quando a Polícia Federal sustenta que 60% dos valores desviados circularam durante o atual governo.

Paralelo com CPI da Covid

Analistas veem semelhanças entre a nova CPMI e a CPI da Covid, aberta em 2021 contra Jair Bolsonaro. O cientista político Paulo Kramer avalia que um Executivo enfraquecido diante de um Congresso fortalecido “pode representar sério risco ao Planalto”. Já o professor Elton Gomes, da Universidade Federal do Piauí, afirma que as provas de fraude “são mais robustas do que as suspeitas que cercaram a CPI da pandemia”.

Para Alexandre Bandeira, consultor político, um eventual discurso de que o governo “facilitou o roubo de aposentados” pode dominar a narrativa de 2026. O cientista político Juan Carlos Arruda, do Ranking dos Políticos, observa que o público idoso — tradicional base de apoio de Lula e hoje responsável por puxar a aprovação do presidente a 46%, segundo pesquisa Genial/Quaest de 21 de agosto — pode ser diretamente afetado pelo tema.

Calendário e escopo

O prazo inicial de funcionamento da CPMI é de 120 dias, prorrogável por mais 60, o que leva as investigações até fevereiro de 2026. Os parlamentares mirarão quatro frentes principais:

  • repasses indevidos a sindicatos e associações;
  • eventual participação de servidores e intermediários políticos;
  • contratos de comunicação suspeitos de blindar as fraudes;
  • possível omissão de autoridades governamentais.

Primeira reunião e lista de alvos

Na sessão inaugural, deputados e senadores votarão dezenas de requerimentos, incluindo convocações de:

  • Carlos Lupi (ex-ministro da Previdência);
  • Wolney Queiroz (ministro da Previdência);
  • Gilberto Waller (presidente do INSS);
  • André Paulo Felix Fidelis (ex-presidente do INSS);
  • Jorge Messias (advogado-geral da União);
  • Vinícius Marques de Carvalho (ministro da CGU);
  • Andrei Rodrigues (diretor-geral da PF);
  • Ricardo Lewandowski (ministro da Justiça).

Também serão analisados pedidos de quebra de sigilo bancário e fiscal de entidades de aposentados, além da solicitação de Relatórios de Inteligência Financeira ao Coaf.

“Ninguém ficará de fora”, diz Izalci

Autor de mais da metade dos requerimentos, o senador Izalci Lucas (PL-DF) promete investigar todos os sindicatos citados em relatórios da PF e da Controladoria-Geral da União. Ele garante que cada pedido de sigilo “está fundamentado em indícios concretos” e assegura que quem enriqueceu de forma irregular “terá de explicar e devolver o que recebeu”.

A CPMI do INSS investiga fraudes que atingiram cerca de 9 milhões de beneficiários. Entre os investigados está o sindicato presidido por José Ferreira da Silva, o Frei Chico, irmão do presidente Lula. O desfecho do colegiado pode influenciar diretamente o debate eleitoral caso o relatório final, previsto para o início de 2026, confirme responsabilidades políticas.

Com informações de Gazeta do Povo

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