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Ex-assessor de Moraes diz que TSE e PF criaram grupo de WhatsApp para identificar envolvidos no 8 de Janeiro

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Brasília, 09 set. 2025 – O perito Eduardo Tagliaferro, que atuou como assessor do ministro Alexandre de Moraes no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), afirmou em audiência da Comissão de Segurança Pública do Senado que servidores da Corte e agentes da Polícia Federal (PF) mantinham um grupo informal de WhatsApp chamado “Atos Antidemocráticos”. Segundo o ex-assessor, o espaço era usado para trocar dados e reconhecer participantes dos atos de 8 de janeiro de 2023 na Praça dos Três Poderes.

De acordo com Tagliaferro, os policiais solicitavam que o TSE conferisse fotos de suspeitos com o banco biométrico de eleitores — que reúne imagem, nome e número de documentos – quando os sistemas da PF não conseguiam identificar rostos, inclusive de manifestantes usando bonés ou óculos escuros. O cadastro eleitoral é atualizado a cada dois anos.

Funcionamento do grupo

O ex-assessor contou que não conversava diretamente com os policiais, mas acompanhava os pedidos feitos no grupo. Disse ainda que um servidor do TSE aproximou a equipe da PF após o 8 de Janeiro e que o conteúdo da conversa permanece salvo em seu celular. Ele se comprometeu a entregar à Comissão os nomes dos agentes que participavam do chat.

Tagliaferro exibiu brevemente o grupo aos senadores durante a audiência, realizada na semana passada e com duração superior a oito horas. Ele reforçou que o processo não era automatizado: imagens eram enviadas pontualmente ao TSE para conferência.

Questionamentos e repercussão

O TSE e a Direção-Geral da PF foram procurados, mas não responderam até a publicação desta matéria. A revelação reacendeu o debate sobre os limites legais para o compartilhamento de dados eleitorais em investigações criminais. Senadores planejam solicitar informações formais aos dois órgãos para esclarecer se houve respaldo jurídico para a cooperação.

Parlamentares como Marcel Van Hattem (PL-SC) e Magno Malta (PL-ES) cobraram transparência sobre a atuação conjunta. Já o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) apresentou laudo de peritos que, segundo ele, aponta inserção de documento com data retroativa por Moraes para “esquentar” operação da PF.

Outras acusações

No mesmo depoimento, Tagliaferro citou supostas fraudes processuais, combinação de alvos entre Moraes e o procurador-geral da República, Paulo Gonet, e participação de ativistas universitários em um “gabinete paralelo”. Também divulgou vídeo em suas redes sociais com troca de mensagens que atribui ao ministro.

Residente na Itália em what classifica como autoexílio, o perito é investigado pelo Supremo Tribunal Federal por vazamento de dados internos do TSE. Ele responde a acusações de violação de sigilo funcional, tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, coação no curso do processo e obstrução de investigações, crimes que somam pena máxima de 22 anos.

Documentos entregues por Tagliaferro aos senadores ainda são analisados pelo setor jurídico do Senado. Técnicos recomendaram sessões sigilosas ou encaminhamento ao Judiciário, pois parte do material integra inquéritos sob sigilo no STF. A decisão sobre a divulgação dos arquivos deve ocorrer na próxima semana.

Com informações de Gazeta do Povo

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