Brasília — A Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgou nota nesta sexta-feira, 29 de agosto de 2025, na qual recomenda prudência diante do acirramento da disputa comercial entre Brasil e Estados Unidos. O posicionamento ocorreu um dia depois de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva autorizar a abertura de consultas para aplicar a Lei da Reciprocidade Econômica em resposta à tarifa de 50% imposta pelo governo de Donald Trump sobre produtos brasileiros.
Segundo o comunicado, “não é o momento” para recorrer à lei, que permite ao Brasil adotar sanções equivalentes às restrições norte-americanas. A entidade argumenta que as economias dos dois países são “complementares” e que a parceria construída em mais de dois séculos deve ser preservada.
Processo aberto na Camex
Na quinta-feira, 28, o Palácio do Planalto notificou oficialmente a Câmara de Comércio Exterior (Camex) sobre o início do procedimento previsto na Lei da Reciprocidade. A medida autoriza consultas formais com Washington e pode resultar em retaliações tarifárias, caso não haja acordo.
O Itamaraty informou que o trâmite pode levar até sete meses e incluirá etapas de diálogo com o governo dos Estados Unidos, além de direito ao contraditório.
Justificativa norte-americana
Em vigor desde 6 de agosto, a tarifa adicional de 50% foi justificada pela Casa Branca como resposta a práticas do governo brasileiro consideradas ameaça à segurança nacional e à economia dos EUA. O presidente Donald Trump citou supostos abusos de autoridade do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes e perseguição de autoridades brasileiras ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
Missão empresarial a Washington
Para tentar reduzir tensões, a CNI prepara o envio, nos próximos dias, de uma delegação com mais de 100 líderes empresariais aos Estados Unidos. A agenda prevê encontros com autoridades e representantes do setor privado, além de participação em audiência pública marcada para 3 de setembro sobre a investigação aberta sob a Seção 301 da Lei de Comércio norte-americana.

Imagem: Ricardo Stuckert
Declaração de Lula
Em entrevista à Rádio Itatiaia, Lula afirmou que não tem pressa em adotar medidas de retaliação. “Tomei a decisão porque o processo precisa avançar”, disse o presidente.
Por enquanto, a indústria brasileira aposta no diálogo para evitar que a disputa resulte em novas barreiras comerciais entre os dois maiores parceiros das Américas.
Com informações de Gazeta do Povo