Brasília – A deputada federal licenciada Carla Zambelli (PL-SP) afirmou nesta quarta-feira (11) que o hacker Walter Delgatti mente ao dizer que recebeu dela a orientação para invadir o sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) em 2023. Ambos prestaram depoimento em sessão da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, responsável por analisar o pedido de cassação do mandato da parlamentar.
Zambelli, condenada a 10 anos de prisão e à perda do mandato pelo suposto ataque cibernético, participou da reunião por videoconferência a partir do Complexo Penitenciário de Rebibbia, em Roma, onde aguarda decisão sobre extradição ao Brasil. Delgatti, sentenciado a 8 anos e 3 meses, falou da penitenciária de Tremembé (SP).
Acusações e contrapontos
Em sua fala, o hacker declarou que as invasões ocorreram entre 2022 e 2023 por determinação de Zambelli. Segundo ele, a deputada queria demonstrar vulnerabilidades do Judiciário e teria solicitado acessos ilegais também ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Delgatti contou que desenvolveu um robô para gerar alvarás de soltura falsos e que inseriu, no sistema do CNJ, um mandado de prisão fictício contra si mesmo, supostamente redigido pelo ministro Alexandre de Moraes — documento que, de acordo com o hacker, foi enviado pela deputada como modelo.
Zambelli rebateu as declarações. “Ele mente sobre o tempo que passou na minha casa, mente sobre o mandado de prisão do Alexandre de Moraes e mente sobre eu responder por 16 casos que teriam elevado minha pena”, disse, emocionada. A parlamentar chegou a classificar Delgatti como “mitomaníaco”.
Tramitação na Câmara
O depoimento do hacker integra o processo de cassação que pode levar à perda definitiva do mandato de Zambelli. Para isso, serão necessários 257 votos em plenário. A própria deputada ainda deverá prestar esclarecimentos à CCJ.

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Reeleita em 2022 com mais de 946 mil votos, Zambelli deixou o Brasil após a condenação, alegando não poder ser presa. Foi detida em 29 de julho, em Roma, e permanece recolhida enquanto a Justiça italiana analisa o pedido de extradição apresentado pelo Supremo Tribunal Federal.
O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, declarou recentemente que considera “difícil” a manutenção do mandato da deputada, afirmando que ela “errou” ao viajar para a Itália.
Com informações de Gazeta do Povo