A ofensiva da oposição para afastar o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes esbarrou na correlação de forças do Senado. Embora o requerimento de abertura do processo tenha reunido 41 assinaturas até 11 de agosto de 2025, o regimento exige 54 votos — dois terços dos 81 senadores — para que o impeachment avance no plenário. A avaliação predominante entre líderes governistas é de que a base aliada dispõe de votos suficientes para impedir a iniciativa.
Decisão depende de Alcolumbre
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), detém a prerrogativa de pautar ou arquivar o pedido. Segundo interlocutores, ele tem reafirmado que somente submeterá o tema à deliberação se houver “justa causa” e amparo jurídico. Alcolumbre também tem repetido que não pretende ceder a pressões políticas.
Números em jogo
Dos 41 senadores que subscreveram o requerimento, parte admite que a assinatura serviu para permitir a tramitação, sem garantir voto favorável no mérito. Um levantamento interno aponta 21 parlamentares ainda indecisos, enquanto ao menos 19 já declararam voto contra o impeachment. Mesmo que todos os signatários confirmem apoio, seriam necessários mais 13 votos — margem considerada improvável por analistas.
Posicionamentos públicos
Líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (PT-AP) classificou a proposta como “chantagem” e afirmou que o Senado “não se curvará”. Na mesma linha, Cid Gomes (PSB-CE) disse confiar na “serenidade” de Alcolumbre para filtrar “o barulho da realidade”.
Na oposição, há ceticismo. Ex-ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP-PI) declarou que só apoia processos “com chance real de êxito” e avaliou que não há 54 votos disponíveis. Já Esperidião Amin (PP-SC) celebrou a adesão de 41 parlamentares, mas reconheceu que o número precisa crescer para superar possíveis recuos.
Análise de especialistas
Para o cientista político Elias Tavares, o governo Lula mantém alianças com PSD, MDB e parte do União Brasil, o que garante “blindagem” a Moraes. Ele considera o cenário de aprovação do impeachment “remoto”. Já Ricardo Caldas, professor da Universidade de Brasília, vê fundamentos jurídicos e políticos no pedido, mas admite que a oposição “não possui votos suficientes” para afastar o ministro.

Imagem: Andressa Anholete via gazetadopovo.com.br
Argumentos pró e contra
Aliados do Planalto argumentam que não há base legal consistente para o impedimento, citando risco institucional. Governistas como Fabiano Contarato (PT-ES) sustentam que as decisões de Moraes têm respaldo do STF e que eventuais discordâncias devem ser resolvidas nos tribunais, não no campo político.
Já os defensores do impeachment apontam supostos crimes de responsabilidade, como restrição de direitos políticos de investigados nos inquéritos do Supremo e uso da estrutura do tribunal para perseguição a opositores. Eles afirmam que novos vazamentos de mensagens envolvendo o ministro reforçam a acusação de arbitrariedade.
Enquanto a disputa avança nos bastidores, Alcolumbre não sinaliza data para decidir sobre a pauta. Nos cálculos de governistas, mesmo que o pedido seja lido em plenário, a base tem folga para rejeitá-lo e encerrar a discussão.
Com informações de Gazeta do Povo