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Trump tenta demitir diretora do Fed e põe independência do banco central em xeque

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Washington – O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, escalou a pressão sobre o Federal Reserve ao anunciar a demissão da economista Lisa Cook, membro do Conselho de Governadores desde 2022. A decisão, divulgada em carta publicada na rede Truth Social, é considerada sem precedentes e deve abrir disputa nos tribunais e nos mercados financeiros.

Mercados reagem

Após o anúncio, os futuros do S&P 500 recuaram 0,14%, enquanto o rendimento dos Treasuries de 10 anos avançou 2 pontos-base, para 2,95%, refletindo venda de títulos. O dólar cedeu 0,09% frente ao euro e 0,06% em relação ao iene.

Ordem presidencial e resposta de Cook

Na carta, Trump citou o Artigo II da Constituição e a Lei do Federal Reserve de 1913 para justificar a destituição imediata de Cook. A diretora reagiu por nota, afirmando que “não existe qualquer causa prevista em lei” e que o presidente não tem autoridade para removê-la. Ela garantiu que não renunciará e continuará exercendo suas funções.

Pressão sobre o Fed

Desde o retorno à Casa Branca, Trump vem cobrando cortes de juros e criticando o presidente do Fed, Jerome Powell. Na semana anterior, ameaçou demitir Cook caso ela não renunciasse depois de uma acusação de fraude hipotecária feita por uma autoridade de habitação do governo. A economista, doutora em Economia e ex-professora da Universidade Estadual de Michigan, é a primeira mulher negra a integrar o conselho em mais de um século de história do Fed.

Disputa jurídica

Especialistas preveem que a questão chegará à Suprema Corte. No início do ano, o tribunal decidiu que dirigentes do Fed só podem ser removidos por “justa causa”, termo geralmente vinculado a má conduta ou negligência grave.

Nomeações e balanço de forças

Trump já indicou Stephen Miran, atual presidente do Conselho de Assessores Econômicos, para a vaga aberta pela saída de Adriana Kugler. Miran, defensor de cortes de juros, foi coautor de estudo em 2024 que propõe reduzir a autonomia do Fed. Analistas do JPMorgan veem a indicação como “ameaça existencial” à independência da autoridade monetária.

Se Miran for confirmado, Trump terá quatro dos sete assentos do conselho, o que lhe daria maioria sobre orçamento, quadro de pessoal e aprovação dos presidentes dos 12 bancos regionais. Os mandatos de cinco anos desses presidentes expiram em fevereiro, ampliando o alcance político do governo.

Confronto no Senado

Qualquer nova indicação ao Fed tende a enfrentar forte resistência. A senadora democrata Elizabeth Warren classificou a tentativa de demitir Cook como “tomada de poder autoritária” e pediu que a Justiça reverta a medida.

Com o embate sobre a independência do banco central ainda sem solução, investidores monitoram possíveis impactos nos custos de financiamento do Tesouro e na posição do dólar como principal moeda de reserva mundial.

Com informações de InfoMoney

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