O escritor norte-americano de ficção científica Ted Chiang afirmou que a inteligência artificial (IA) generativa pode causar danos profundos ao processo de aprendizagem das crianças. Segundo ele, a tecnologia oferece a ilusão de conhecimento instantâneo e sem esforço, contrariando a natureza do ensino, que exige prática, dedicação e resiliência.
“Se damos às crianças a sensação de que existe um caminho fácil, impedimos que elas aprendam de verdade”, declarou o autor, conhecido por obras que exploram o impacto da tecnologia na sociedade.
Perigos além da sala de aula
Chiang também citou outros problemas associados à popularização dos modelos de IA: o aumento de conteúdos irrelevantes, o alto consumo de energia para treinar sistemas e os conflitos sobre propriedade intelectual. Para ele, embora o excesso de informação não seja novidade, a IA tende a ampliar o volume de material superficial, dificultando a busca por conteúdos que estimulem reflexão.
Na avaliação do escritor, apenas uma parcela dos usuários continuará disposta a se aprofundar em temas complexos, enquanto as distrações digitais se tornam cada vez mais abundantes. Nesse cenário, a tecnologia poderia acelerar a “terceirização” do esforço cognitivo.
Uso responsável
Apesar do alerta, especialistas lembram que a IA já traz benefícios à educação, como a personalização de trilhas de estudo, o apoio a alunos com diferentes ritmos de aprendizagem e a otimização do tempo dos professores. Diogo França, diretor da XP Educação, defende o estabelecimento de limites claros: “O desafio não é rejeitar a tecnologia, mas definir propósitos para que ela complemente — e não substitua — o esforço intelectual dos estudantes”.

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Para Chiang, a chave está em equilibrar inovação e responsabilidade. “Aprender é difícil, e valioso justamente por isso”, concluiu o escritor.
Com informações de InfoMoney