São Paulo — A tarifa de 50% sobre produtos brasileiros anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e prevista para entrar em vigor em agosto deve reduzir significativamente as margens dos fruticultores nacionais, sobretudo de manga e uva, segundo relatório da consultoria agro do Itaú BBA divulgado nesta quarta-feira (data do relatório).
Embora o banco não espere queda expressiva no volume exportado, os analistas alertam que o aumento do custo ao entrar no mercado norte-americano tende a comprimir a rentabilidade dos exportadores. Caso ocorra retração nas vendas, o excedente deve permanecer no mercado interno, pressionando os preços no País.
Dependência do mercado norte-americano
Os Estados Unidos são o segundo maior destino da manga brasileira, respondendo por 14,3% dos embarques em 2024, atrás apenas da Holanda (48,2%), conforme dados da Secretaria de Comércio Exterior. No caso da uva, a participação norte-americana foi de 23,5% no ano passado, também atrás dos holandeses, que ficaram com 34%.
O Itaú BBA prevê impactos mais fortes no segundo semestre, justamente quando se concentram as janelas de exportação: de setembro a outubro para a manga e de outubro a dezembro para a uva.
Limitações logísticas e varietais
Apesar de a manga constar entre os produtos isentos pelo governo dos EUA, o benefício vale apenas para países considerados parceiros “alinhados”, categoria que não inclui o Brasil. Por se tratar de alimento perecível, a fruta demanda logística ágil; o prazo é ainda mais apertado para a manga em comparação à uva.
Segundo o banco, uma eventual realocação de destinos é mais viável para a uva, que encontra espaço adicional na Europa. Para a manga, porém, o redirecionamento é limitado, pois a variedade Tommy — a mais exportada aos EUA — não tem a mesma aceitação no mercado europeu, que prefere a Palmer. O relatório indica que produtores podem ajustar o calendário de colheita e ampliar o plantio da variedade Palmer para atender a outros compradores.

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Medidas de apoio e cenário das exportações
O estudo menciona que o Plano Brasil Soberano, apresentado em agosto pelo governo federal, pode atenuar os efeitos negativos sobre pequenas e médias empresas exportadoras. Entre as medidas previstas estão linhas de crédito com juros menores e maior flexibilidade nas compras públicas de alimentos perecíveis.
Apesar das preocupações, o Brasil registrou recorde nas vendas externas de frutas no acumulado de 2025 até agosto, com receita de US$ 631,5 milhões — alta de 13% em relação ao mesmo período de 2024. As importações recuaram 10%, somando US$ 415 milhões.
Além de manga e uva, a pauta de exportações brasileiras inclui limão, melão, melancia, mamão, abacate, banana, maçã e figo, entre outras frutas.
Com informações de InfoMoney