O investidor Paulo Mesquita, sócio da gestora Riza, classificou como “estratégia suicida” a decisão do Banco do Brasil (BBAS3) de reduzir limites de crédito para produtores rurais. A declaração foi feita no terceiro episódio do podcast “Raiz do Negócio”, parceria entre InfoMoney e The AgriBiz.
Mesquita contestou a tese de que o agronegócio enfrenta crise generalizada por inadimplência. Segundo ele, o índice de cerca de 3% de atraso na carteira do Banco do Brasil não reflete a realidade do campo. “Tenho produtores que, na semana passada, compraram uma fazenda de R$ 1 bilhão; a maioria do agro brasileiro ainda está bastante tranquila”, afirmou.
Restrição de crédito
De acordo com o executivo, produtores com histórico de décadas de relacionamento ficaram sem limite de crédito em julho, algo inédito em mais de 100 anos de atuação do banco no setor. Ele argumenta que, sem financiamento, o produtor fica sem liquidez, é forçado à inadimplência e a instituição financeira torna-se mais vulnerável em recuperações judiciais, pois as garantias costumam ser hipotecárias.
Mesquita acrescentou que outros bancos também apertaram o crédito após resultados fracos em 2023 e 2024, enquanto multinacionais do setor reduziram operações. Isso obrigou agricultores a recorrer a recursos próprios ou a financiamentos no mercado.
Inadimplência controlada e safrinha recorde
Na avaliação do sócio da Riza, a inadimplência aumentou no primeiro semestre, mas já mostra acomodação desde o meio do ano. “Foi um pouco além da conta, mas está longe de indicar um problema no setor”, disse.

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Ele cita a safrinha, classificada como de altíssima produtividade em todo o país, e preços do milho considerados remuneradores. Para a soja de 2025, Mesquita vê cenário positivo: contratos futuros no Tocantins ao redor de R$ 120 por saca garantiriam margem de até 30% ao ano quando comparados aos custos atuais de produção.
Segundo o executivo, as margens estão em recuperação e o próximo ciclo do agronegócio tende a ser “muito positivo”.
Com informações de InfoMoney