Cabul, 12 de agosto de 2025 – A proximidade do dia 15 de agosto marca quatro anos desde que o Talibã retomou o poder no Afeganistão, desencadeando um período de graves violações de direitos humanos, segundo relatórios de organismos internacionais.
Desde 2021, mulheres e meninas foram sistematicamente retiradas da vida pública. Decretos do governo de fato proíbem o acesso à educação, ao trabalho, a cargos de poder e restringem a circulação fora de casa. A Lei para a Promoção da Virtude e Prevenção do Vício consolidou essas medidas, caracterizadas por especialistas como apartheid de gênero.
Repressão às mulheres se intensifica
Em julho de 2025, a Missão de Assistência da ONU no Afeganistão (UNAMA) apontou aumento da fiscalização do uso do hijab. Departamentos provinciais do Ministério para a Propagação da Virtude passaram a ordenar que clínicas, mercados, órgãos públicos e motoristas de táxi neguem atendimento a mulheres desacompanhadas de um mahram (tutor masculino), prática não prevista na própria legislação talibã.
O relatório também relatou ameaças de morte dirigidas a dezenas de funcionárias afegãs de agências da ONU, forçando a organização a adotar medidas emergenciais de segurança. O Ministério do Interior do governo de fato disse conduzir uma investigação.
Retorno de refugiados agrava riscos
Alerta de gênero divulgado em agosto de 2025 por ONU Mulheres, CARE International e parceiros indica que mulheres e meninas representam um terço dos afegãos que regressaram do Irã este ano e cerca de metade dos que voltaram do Paquistão. Sem recursos, roupas adequadas ou rede de apoio, essas pessoas enfrentam maior exposição à pobreza, casamento precoce, violência e exploração. Casos de extorsão e ameaças em postos fronteiriços também foram registrados.
O mesmo documento destaca que o país já conta com 22,9 milhões de habitantes – quase metade da população – necessitando de ajuda humanitária, quadro que tende a piorar com o retorno de milhões de refugiados.

Imagem: forbes.com
Minorias religiosas sob ataque
Comunidades como os hazara permanecem alvo de atentados contra escolas, hospitais e mesquitas xiitas. Embora o Estado Islâmico – Província do Khorasan (IS-KP) reivindique a maioria dos ataques, o Talibã não conseguiu impedir as ações nem levar os autores à justiça.
Reconhecimento internacional controverso
Apesar das denúncias, a Rússia retirou, em 2025, a designação do Talibã como organização terrorista e reconheceu formalmente o grupo como governo legítimo. A China avalia passo semelhante, levantando críticas de que tal legitimação ignora violações documentadas por diversas instâncias da ONU.
Com quatro anos completados neste mês, a situação afegã se mantém marcada por restrições severas a mulheres, perseguição a minorias religiosas e incerteza sobre o futuro dos direitos humanos no país.
Com informações de Forbes