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Nepal nomeia Sushila Karki primeira-ministra interina após onda de protestos que deixou 51 mortos

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CATMANDU (12.set.2025) – O governo do Nepal designou nesta sexta-feira (12) a ex-presidente da Suprema Corte, Sushila Karki, 73 anos, como primeira-ministra interina, um dia depois da queda do premiê em meio a manifestações violentas contra corrupção e restrições às redes sociais.

A posse foi conduzida pelo presidente Ramchandra Paudel no Palácio Presidencial, na capital. Karki é conhecida por ações anticorrupção e foi a primeira mulher a comandar o Judiciário nepalês.

Crise nas ruas

Os protestos começaram na segunda-feira (8) em Catmandu e se espalharam rapidamente para outras regiões. A origem imediata foi a proibição de 26 plataformas de redes sociais – entre elas WhatsApp, Facebook, Instagram e WeChat – depois de expirar o prazo para que as empresas se registrassem no país.

Segundo a polícia, o número de mortos chegou a 51 na sexta-feira, incluindo 21 manifestantes, nove detentos, três policiais e 18 civis. Mais de 1,6 mil pessoas ficaram feridas. Edifícios governamentais, o Supremo Tribunal, residências de políticos, aeroportos e hotéis foram incendiados.

Liderado principalmente por adolescentes e jovens adultos que se autodenominam “geração Z”, o movimento é o maior desde que o Nepal se tornou república democrática, em 2008. As reivindicações incluem fim da corrupção, redução da desigualdade econômica e criação de empregos.

Queda do governo e ação militar

Na terça-feira (9), o gabinete revogou a proibição às redes sociais, mas a medida não conteve a revolta. Nesse mesmo dia, o primeiro-ministro e quatro ministros renunciaram. À noite, o chefe do Exército, general Ashok Raj Sigdel, apareceu em vídeo pedindo calma. Tropas assumiram o controle das ruas a partir das 22h, e começaram negociações com os líderes do movimento.

Perfil da nova líder

Sushila Karki ganhou notoriedade por enfrentar interesses políticos enquanto presidia a Suprema Corte. Em 2017, sofreu uma tentativa de impeachment após anular a indicação governista para o comando da polícia, processo abandonado diante da pressão popular. Aos meios de comunicação, ela afirmou ter aceitado dirigir o governo interino “a pedido desses meninos e meninas”.

Raízes sociais e econômicas

No pano de fundo da crise estão o desemprego e a concentração de renda. Mais de mil jovens nepaleses deixam o país diariamente para trabalhar em nações do Golfo Pérsico e na Malásia; outros milhares migram sazonalmente para a Índia. Em 2024, as remessas enviadas pelos trabalhadores no exterior somaram US$ 11 bilhões, o equivalente a 26% do PIB nacional.

Nas redes, a hashtag #nepokids viralizou antes dos protestos, expondo o estilo de vida de filhos da elite política e ampliando a insatisfação entre quem luta para encontrar emprego em um mercado dominado por postos informais na agricultura.

Com o Exército patrulhando a capital e equipes civis removendo destroços, o governo interino de Karki terá a missão de restaurar a ordem e preparar novas eleições, enquanto tenta responder às demandas da juventude.

Com informações de InfoMoney

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