O receio de ser visto como fracassado ou incompetente é o principal obstáculo para quem pensa em deixar uma ocupação pela qual já foi — ou ainda é — apaixonado, indica pesquisa recém-publicada por acadêmicos norte-americanos.
Quem, o quê, por quê
Os autores analisaram diferentes grupos de profissionais — entre eles professores, enfermeiros e doutorandos — e concluíram que a percepção de julgamento externo é muito mais severa do que a reprovação real expressa por observadores.
Como o medo se manifesta
Em um experimento, trabalhadores engajados em suas atividades foram convidados a imaginar que desistiam da profissão. Depois, avaliaram como acreditavam que seriam julgados em caráter e competência. Na sequência, outro grupo independente fez a mesma avaliação sobre esses profissionais hipotéticos. O contraste foi significativo: quem cogitava a saída previu críticas muito mais duras do que as efetivamente registradas.
Esse distanciamento só apareceu quando o trabalho envolvia forte componente de paixão. Quando o emprego descrito tinha pouca ligação emocional — algo visto apenas como fonte de renda — as expectativas de julgamento coincidiram com a opinião alheia.
Consequências práticas
Entre doutorandos profundamente dedicados à pesquisa, quanto maior era o medo de parecer “desistente”, menor a disposição para denunciar condições exploratórias ou injustas em seus programas. Dinâmica semelhante surgiu em amostras de professores e enfermeiros.

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Testando uma solução
Em outra etapa, docentes que pensaram em largar a profissão nos 12 meses anteriores receberam informações mostrando que as pessoas normalmente superestimam o grau de censura que sofreriam. Duas semanas depois, os participantes desse grupo demonstraram maior probabilidade de tomar iniciativas concretas — como elaborar plano de saída ou atualizar o currículo — quando comparados ao grupo de controle.
Os resultados sugerem que reduzir o medo de reprovação social pode facilitar a transição para novas trajetórias profissionais.
Com informações de InfoMoney