A logística reversa, antes vista como um custo no comércio eletrônico, ganhou status de vantagem competitiva para gigantes do setor. Mercado Livre e Shopee somam hoje mais de 7,5 mil pontos de coleta e retirada de encomendas, operados principalmente por micro e pequenos negócios espalhados pelo país.
Mercado Livre lidera com 4,5 mil parceiros
Pioneiro no modelo, o Mercado Livre mantém cerca de 4,5 mil lojas de bairro, papelarias e outros estabelecimentos cadastrados como Meli Places. A rede está concentrada em capitais e grandes cidades, como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Campinas, Curitiba e Brasília.
De acordo com Frederico Rezeck, diretor sênior de Transportes da companhia no Brasil, a iniciativa surgiu para oferecer maior flexibilidade ao consumidor que não pode receber encomendas em casa durante o dia. “O cliente escolhe retirar quando for mais conveniente, o vendedor ganha eficiência e o comerciante local tem uma nova fonte de renda”, explica.
Dados internos indicam que 40% dos consumidores que buscam pedidos em um Meli Place acabam comprando outro item no local, o que movimenta a economia dos bairros. Na papelaria de Glória de Paula, na Bela Vista (SP), cerca de 7 mil pacotes passam por mês. “O serviço responde por mais da metade do meu faturamento e foi essencial na pandemia”, relata a empresária.
Shopee alcança 3 mil agências em 500 cidades
Com 3 mil agências próprias distribuídas em mais de 500 municípios, a Shopee também transformou pequenos estabelecimentos em pontos de postagem, devolução e retirada de produtos. As maiores concentrações estão em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Curitiba e Guarulhos.
Desde maio de 2025, a plataforma passou a permitir que pedidos sejam retirados em comércios parceiros, reforçando a estratégia de conveniência. “O consumidor ganha praticidade, o lojista amplia o fluxo de clientes e nossa operação fica mais eficiente”, afirma Tiago Freddi, head de Logística da empresa.

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Levantamento realizado pela Shopee mostra que 45% dos parceiros viram aumento de receita depois de aderir ao programa, e 40% precisaram contratar funcionários extras. Um exemplo é a loja de artigos de plástico de William Mendonça, no centro de São Paulo, que lida com cerca de 300 pacotes diários. “Quem vem buscar encomenda acaba levando outro produto, o que elevou nosso faturamento”, diz o comerciante.
Benefícios para todos os lados
Ao descentralizar a entrega e a devolução de mercadorias, os marketplaces reduzem custos de transporte, diminuem prazos e oferecem mais opções ao consumidor. Para os pequenos negócios, a remuneração por pacote e o aumento do fluxo de pessoas resultam em nova fonte de renda e na necessidade de expansão das equipes.
Com a adesão crescente de micro e pequenos empreendedores, a tendência é que os pontos de logística reversa continuem a se multiplicar, sustentando o avanço do e-commerce e reforçando o elo entre grandes plataformas e o comércio local.
Com informações de InfoMoney