O coordenador do Insper Agro Global, Marcos Jank, afirmou que o agronegócio brasileiro precisa se adaptar com urgência a um “novo jogo geopolítico” inaugurado após a gestão de Donald Trump nos Estados Unidos. A avaliação foi feita na última quinta-feira (11), durante o Agro Summit, evento realizado pelo Bradesco BBI em São Paulo.
Segundo Jank, o cenário internacional tornou-se mais volátil e incerto porque as instituições multilaterais criadas no pós-guerra “ruíram”, limitando os mecanismos de solução de controvérsias comerciais. “Não tem mais organizações onde você pode ir reclamar”, declarou.
Tarifas e sanções
O pesquisador citou a aplicação de tarifas a países que mantêm relações comerciais com a Rússia como exemplo de medida que pode afetar diretamente o Brasil. Ele lembrou que a Índia já foi alvo desse tipo de sanção e advertiu que o mesmo pode ocorrer com exportadores brasileiros.
Jank criticou o uso recorrente de tarifas como instrumento de pressão política. “Tarifa não foi feita para isso, mas para garantir que as cadeias de suprimento funcionem. Se você mudar o tempo todo, vira o caos”, afirmou.
Café e manga fora das exceções
No comércio bilateral com os Estados Unidos, os impactos já são visíveis em produtos como café e manga, que ficaram fora da lista de exceções tarifárias abertas pelo governo Trump. “Nossos concorrentes vão ter isenção e nós, uma tarifa gigantesca”, disse o especialista, apontando a necessidade de o Brasil negociar dentro de um modelo baseado em “barganha e reciprocidade”.

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Participação norte-americana nas exportações
Atualmente, os Estados Unidos respondem por cerca de 7% do total exportado pelo Brasil, que somou US$ 164 bilhões. Para Jank, manter esse mercado exige adaptar-se rapidamente ao novo ambiente regulatório. “Estamos em um momento de boa produção, de crescimento, mas a mudança das regras do jogo para algo que não conhecemos ainda pode ser muito disruptiva”, concluiu.
Com informações de InfoMoney