São Paulo – O Gabinete de Segurança de Israel aprovou na madrugada desta sexta-feira (8) um plano do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu para ampliar a operação militar na Faixa de Gaza e preparar a tomada da Cidade de Gaza, contrariando recomendação do comando das Forças de Defesa de Israel (FDI).
Após a reunião, o gabinete divulgou comunicado informando que o exército deverá organizar-se para assumir o controle da principal área urbana do enclave palestino. O documento também apresentou cinco diretrizes para encerrar a guerra iniciada em 2023: desarmar o Hamas, libertar os reféns, desmilitarizar Gaza, estabelecer controle de segurança israelense sobre o território e criar uma administração civil que não seja comandada nem pelo Hamas nem pela Autoridade Palestina.
Resistência do Hamas
Em resposta, o Hamas declarou nesta sexta-feira que resistirá a qualquer avanço israelense e classificou a possível ocupação de Gaza como “novo crime de guerra”. O grupo não detalhou como reagirá, mas afirmou que a ofensiva “terá um preço alto”.
Situação militar no enclave
Quase dois anos após o início do conflito, o exército israelense afirma controlar cerca de 75% da Faixa de Gaza. A Organização das Nações Unidas (ONU) calcula que mais de 86% do território esteja sob zona militarizada ou ordens de evacuação emitidas por Israel.
A principal área fora do domínio israelense é uma faixa costeira que vai da Cidade de Gaza, no norte, até Khan Younis, no sul, onde se concentram milhares de palestinos em tendas, abrigos improvisados e apartamentos superlotados.
Impacto humanitário
A possibilidade de uma ofensiva ampliada aumenta o temor de novas mortes e de agravamento das condições de vida já precárias na região. Segundo autoridades locais de saúde, mais de 60 mil pessoas morreram desde o início da guerra, número que não distingue civis de combatentes. A ONU alerta para a falta de alimentos, com relatos de pessoas que passam dias sem comer.

Imagem: um avião na quinta via infomoney.com.br
Divergências internas em Israel
Fontes de segurança israelenses afirmam que o chefe do Estado-Maior das FDI, tenente-general Eyal Zamir, foi contrário ao plano aprovado, por avaliar que a operação colocaria em risco os reféns ainda vivos — estimados em cerca de 20 — e sobrecarregaria tropas já exaustas.
Próximos passos
Especialistas militares estimam que seriam necessários dias ou semanas para convocar reservas e permitir a retirada forçada de civis das novas áreas de combate. Caso o governo avance, a previsão é de que a tomada das zonas restantes de Gaza leve alguns meses.
Papel futuro de Gaza
Na quinta-feira (7), Netanyahu declarou não ter intenção de exercer autoridade permanente sobre o enclave e afirmou querer transferir o controle a forças árabes. Países da região, contudo, tendem a exigir participação da Autoridade Palestina — possibilidade rejeitada pelo gabinete de segurança israelense, o que pode dificultar a formação de uma administração pós-conflito.
Com informações de InfoMoney