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Governo Trump injeta US$ 8,9 bilhões na Intel por 9,9% das ações, mas futuro da fundição segue incerto

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, fechou acordo para aportar US$ 8,9 bilhões na Intel em troca de 9,9% do capital da companhia, transformando o Tesouro norte-americano no maior acionista individual do fabricante de chips. Apesar do reforço, analistas avaliam que o montante — previsto na Lei CHIPS — não resolve o desafio central: atrair clientes externos para os processos de fabricação 18A e, sobretudo, 14A.

No fim de março, o presidente-executivo da Intel, Lip Bu Tan, advertiu que a empresa pode abandonar o negócio de produção sob contrato se não conseguir um grande cliente. “O investimento no 14A dependerá de compromissos firmes”, afirmou.

Kinngai Chan, da Summit Insights, reforça a preocupação. Segundo ele, sem volume suficiente nos nós 18A e 14A, a operação de fundição não se sustenta economicamente. “Nenhum aporte governamental muda esse quadro se não houver clientes”, disse.

Hoje, a Intel lida com baixos rendimentos no 18A — estágio anterior ao 14A —, fator que encarece a produção e afasta potenciais compradores. Rivais como a taiwanesa TSMC absorvem esse custo inicial ao trabalhar com empresas como a Apple, algo mais difícil para a Intel, que acumula seis trimestres consecutivos de prejuízo.

Para Ryuta Makino, da Gabelli Funds, o acordo é financeiramente pior do que receber apenas o subsídio previsto pelo governo Biden. Ele destaca que as ações foram vendidas com desconto de 17,5% sobre o fechamento de sexta-feira e sem “dinheiro grátis”.

O governo não terá assento no conselho, mas votará alinhado à diretoria em decisões que exigem aval dos acionistas, salvo exceções específicas. Além disso, recebeu opção de compra válida por cinco anos, a US$ 20 por ação, que garante mais 5% dos papéis caso a Intel deixe de deter 51% do negócio de fundição.

As ações da Intel subiram 5,5% na sexta-feira após o anúncio, mas recuaram 1% no after-market quando os detalhes vieram a público. No acumulado de 2024, valorizam-se 23%, impulsionadas por cortes de pessoal anunciados por Tan.

O aporte eleva para US$ 11,1 bilhões o total de recursos federais destinados à empresa, somando-se a US$ 2,2 bilhões em subsídios já concedidos. A Intel prevê investir mais de US$ 100 bilhões na ampliação de fábricas nos EUA, incluindo o início da produção em escala no Arizona ainda este ano.

Apesar do sinal de que a companhia é “grande demais para falir”, Andy Li, da CreditSights, aponta preocupação com possíveis impactos na governança e no interesse dos acionistas. Ele também observa “apetite marginalmente mais fraco” do governo para novos resgates.

O negócio ocorre após a SoftBank anunciar, na mesma semana, aporte de US$ 2 bilhões na Intel. “Construir chips de última geração é vital para o futuro do país”, declarou Trump ao confirmar o investimento.

Com informações de InfoMoney

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