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Fusões e aquisições avançam na Argentina e atraem empresas do Brasil e da China em busca de vantagens tarifárias

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Buenos Aires – O volume de fusões e aquisições (M&As) na Argentina saltou 62% em valor e cresceu 14% em número de operações no primeiro semestre de 2025, de acordo com dados da TTR Data. O movimento, impulsionado por mudanças na política econômica local e por novas tarifas impostas pelos Estados Unidos, tem despertado o interesse de companhias brasileiras e chinesas.

Triangulação para driblar tarifas dos EUA

Desde que o presidente norte-americano Donald Trump elevou impostos de importação, Brasil e China passaram a arcar com alíquotas de 50% e 30%, respectivamente. Já produtos embarcados a partir da Argentina enfrentam taxa de 10%, graças à proximidade entre o governo de Javier Milei e a Casa Branca.

Para aproveitar essa diferença, empresas dos dois maiores parceiros comerciais da região analisam estabelecer ou comprar operações em território argentino. “Já acompanhamos duas transações em que companhias chinesas e brasileiras pretendem abrir ou adquirir negócios no país para, a partir daí, exportar aos Estados Unidos com tributação menor”, afirma Antonio Arias, líder de M&A e Venture Capital da DLA Piper Argentina.

Novo ambiente regulatório

A atratividade aumentou depois que Milei afrouxou o controle cambial e liberou a repatriação de lucros. Dividendos distribuídos a partir de janeiro de 2025 podem ser enviados ao exterior mediante retenção de 7%, sem necessidade de aval do Banco Central – exigência que, na prática, travava saídas de capital.

A inflação mensal também perdeu força: após alcançar 25,5% em dezembro de 2023, os índices se mantêm entre 1,5% e 2,8% ao mês em 2025, segundo Arias. “Com preços mais estáveis, investidores enxergam menor risco”, observa o advogado.

Perfil dos compradores

Apesar do avanço, investidores globais tradicionais ainda pisam no freio. O mercado continua dominado por empresários regionais e fundos de special situations, que buscam ativos considerados arriscados, mas com potencial de retorno elevado. “Na Argentina, o próprio contexto econômico já encaixa muitas empresas nesse critério”, diz Arias. Exemplo semelhante ocorreu em 2020, quando o Grupo Narváez comprou o Walmart.

Setores de mineração e óleo e gás também chamam atenção. Só a aquisição de 50% do campo de petróleo La Amarga Chica, da Petronas, pela Vista Energy, somou US$ 1,207 bilhão dos US$ 3,489 bilhões negociados no semestre.

Fluxo bilateral com o Brasil

No período, Brasil e Argentina foram os únicos países da América Latina a registrar aumento simultâneo no número e no valor de transações. Do total de US$ 468,77 milhões em investimentos argentinos fora do país, US$ 308,34 milhões tiveram destino em ativos brasileiros.

Para Daniel Lasse, sócio da Value Capital, juros elevados e incerteza política de olho na eleição presidencial de 2026 deixam ativos brasileiros mais baratos, o que reforça o apetite de compradores argentinos. “Se a Argentina continuar ganhando competitividade, no próximo ano as oportunidades no Brasil podem ficar ainda mais atrativas para esses investidores”, avalia.

Com informações de InfoMoney

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