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Escassez de mão de obra, não revisão de vagas, é o desafio central para empresas nos EUA

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A revisão do relatório de emprego norte-americano divulgada neste mês reduziu de maneira considerável o saldo líquido de vagas abertas em 2025. Embora parte dos comentaristas veja nessa correção um sinal de fraqueza econômica, o economista Bill Conerly sustenta que o verdadeiro problema está na estagnação da força de trabalho: com quase nenhum avanço no número de pessoas aptas a trabalhar, a criação de postos deixa de refletir com precisão a saúde da economia dos Estados Unidos.

Força de trabalho quase parada

A década atual (2020-2030) registra o menor crescimento da população em idade ativa desde a Guerra Civil. De janeiro a julho de 2025, estimativas oficiais apontam queda de 0,25% no contingente de trabalhadores potenciais. Além disso, a participação feminina no mercado permanece praticamente a mesma desde 2000.

O quadro contrasta com os anos de abundância de mão de obra. Na década iniciada em 1951, o número de trabalhadores crescia 1,2% ao ano; duas décadas depois, a taxa ultrapassava 2,6%, impulsionada pelo baby boom e pela maior entrada de mulheres no mercado.

Peso da imigração

Conforme dados do Censo, a imigração líquida somou 2,8 milhões de pessoas nos 12 meses encerrados em 1.º de julho de 2024, sendo 2,1 milhões entre 18 e 64 anos. Sem esse fluxo, a faixa de idade produtiva teria encolhido em meio milhão devido ao avanço dos baby boomers para a aposentadoria.

No meio de 2025, porém, a entrada de estrangeiros caiu drasticamente e pode até ter se tornado negativa, a depender do ritmo de deportações e saídas voluntárias. Para Conerly, a combinação entre políticas migratórias da nova administração Trump e o envelhecimento populacional torna “extremamente difícil” expandir o número de empregos.

Impacto sobre empresas

Com oferta de trabalhadores limitada, salários precisam subir para atrair estudantes, pais que ficam em casa ou aposentados precoces. Segundo o economista, esse incentivo poderia pressionar a inflação. Diante desse cenário, ele recomenda que as companhias foquem em:

  • Produtividade: investir em tecnologia, treinamento e melhor gestão de primeira linha;
  • Retenção: aumentar o engajamento dos funcionários, já que substituí-los ficará cada vez mais caro e demorado;
  • Recrutamento proativo: elaborar estratégias para atrair candidatos e “vender” o posto de trabalho, prática antes reservada a grandes empresas.

Desafios para políticas públicas

Em vez de prometer apenas “mais empregos”, Conerly avalia que autoridades deveriam priorizar a criação de melhores empregos, removendo barreiras como licenças profissionais excessivas e exigências de diploma em concursos públicos. Ele defende ainda melhorias no sistema educacional como caminho para sustentar o crescimento por meio de ganhos de produtividade, mesmo com um quadro de trabalhadores estável ou em queda.

Para o economista, a economia norte-americana pode continuar avançando, mas somente se empresas e governo entenderem que, diante da escassez de mão de obra, produtividade será o principal motor de expansão.

Com informações de Forbes

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