Na noite de 9 de agosto de 2025, o Prospect Park, no Brooklyn, recebeu centenas de fãs para duas celebrações simultâneas: os 30 anos de “Only Built 4 Cuban Linx”, álbum solo de Raekwon, e o retorno da Lyricist Lounge, dentro da programação do festival BRIC Celebrate Brooklyn!, o mais antigo evento gratuito de artes ao ar livre de Nova York.
Início sem fins lucrativos
A Lyricist Lounge nasceu em 1991, quando os adolescentes Danny Castro e Anthony “Ant” Marshall, ainda no ensino médio, criaram um espaço comunitário para MCs. Sem dinheiro nem experiência em negócios, os dois transformaram um apartamento vazio na 45 Orchard Street, no Lower East Side, cedido pelo mentor Charles Thompson, em estúdio e palco de microfone aberto. Todo mês, entre 20 e 40 pessoas – entre elas um então desconhecido Mos Def (atual Yasiin Bey) e Talib Kweli – se revezavam nos versos.
Primeira expansão
Com a lotação recorrente, o projeto migrou, dois anos depois, para casas de show como The Village Gate. O ingresso custava US$ 5, mas cerca de 70% do público entrava de graça, já que artistas e amigos recebiam convites. Mesmo assim, a vitrine atraiu talentos que mais tarde se tornariam lendas, como The Notorious B.I.G., Foxy Brown, Mobb Deep, Rah Digga e Eminem.
Chegada ao mercado fonográfico
Em 1998, em parceria com a Rawkus Records, Castro e Marshall lançaram o duplo “Lyricist Lounge, Volume One”, conduzido por De La Soul e Kool Keith. O single “C.I.A. (Criminals In Action)”, com KRS-One, The Last Emperor e Zack De La Rocha, alcançou o 15º lugar na parada Bubbling Under Hot 100 da Billboard. No mesmo ano, a primeira turnê percorreu cidades como Chicago, Los Angeles, Nova York, Filadélfia, Miami, São Francisco e Boston.
Contrato de seis dígitos com a MTV
O passo seguinte foi um acordo de valor de seis dígitos com a Viacom para criar The Lyricist Lounge Show, série de esquetes de rap e humor exibida pela MTV entre 2000 e 2001. O formato levou MCs como Wordsworth ao lado de atrizes em início de carreira, como Tracee Ellis Ross, a milhões de telespectadores.
Segundo álbum e novos críticos
Para impulsionar o programa de TV, a dupla lançou “Lyricist Lounge 2”. O disco estreou na 7ª posição da Billboard Top R&B/Hip-Hop Albums, impulsionado por faixas como “Ms Fat Booty 2” (Mos Def e Ghostface Killah), 15ª no Top Rap Songs, e “Get Up” (Cocoa Brovaz), 9ª na mesma lista. Produções de nomes como J Dilla, Scott Storch, Alchemist e Madlib deram o tom, mas parte do público sentiu falta do clima de microfone aberto do primeiro volume.

Imagem: forbes.com
Parceria duradoura com o Wu-Tang Clan
A ligação da marca com o coletivo Wu-Tang é antiga. Desde os anos 1990, nomes como RZA, Ol’ Dirty Bastard e GZA passaram pelos palcos da Lounge. O show de 2025 marcou a segunda vez em que Raekwon foi headliner do projeto; além de revisitar seu disco clássico, o rapper recebeu Busta Rhymes e Smif-N-Wessun e foi homenageado pelo senador estadual Zellnor Myrie por sua contribuição à música negra.
Legado e próximos passos
Trinta e quatro anos após o microfone aberto no Lower East Side, a Lyricist Lounge soma seis fases de crescimento: ideia comunitária, ONG, plataforma de shows, gravadora em disco, programa de TV e, hoje, marca global que segue promovendo artistas em palcos como o Kennedy Center e o Apollo Theater.
Com informações de Forbes