São Paulo — Os acionistas controladores da Raízen, joint venture formada por Cosan e Shell, mantêm conversas preliminares para vender uma fatia da companhia à Mitsubishi Corp., segundo pessoas a par das negociações.
De acordo com as fontes, que pediram anonimato por se tratar de assunto confidencial, a discussão é parte de um plano para injetar aproximadamente R$ 10 bilhões (US$ 1,8 bilhão) na produtora de açúcar e etanol. A Mitsubishi ainda estuda se apresentará proposta formal.
Estrutura da operação
A Cosan contratou o Itaú BBA para assessorá-la, enquanto a Shell recebe suporte da Lazard Inc. e a própria Raízen conta com o Citigroup Inc. na avaliação de alternativas de capitalização.
Em documento divulgado na terça-feira (20), a Cosan informou que analisa potenciais investidores ao lado da Shell, ressaltando que não há decisão ou compromisso vinculante até o momento. Procuradas, Shell, Raízen, Mitsubishi, Itaú e Citigroup não comentaram. A Lazard não respondeu.
Pressão financeira
No primeiro trimestre do ano-safra 2025-2026, a Raízen registrou prejuízo líquido de R$ 1,84 bilhão. A relação entre dívida líquida e EBITDA alcançou 4,5 vezes, segundo relatório da XP, reflexo de empréstimos tomados para substituir contratos com fornecedores.
Diante desse cenário, o diretor financeiro Rafael Bergman afirmou, em teleconferência de 14 de agosto, que a empresa mantém “negociações ativas” com os controladores para reforçar o caixa.
Imagem: Internet
A Cosan, comandada pelo bilionário Rubens Ometto, tem adotado estratégia de desinvestimento, reduzindo expansão e venda de ativos em meio ao encarecimento do crédito no Brasil. O CEO Marcelo Martins disse em 15 de agosto que o grupo não pretende aportar recursos próprios na Raízen, preferindo a entrada de um parceiro estratégico.
Reação do mercado
Os papéis RAIZ4 chegaram a subir 3,2% na B3 após a notícia, mas perderam força ao longo do pregão. No acumulado do ano, as ações recuam cerca de 43%.
Com informações de InfoMoney
