KYIV, 11 de agosto de 2025 – Entre 8 e 11 de agosto, bombardeios e ataques com drones lançados pela Rússia provocaram pelo menos 23 mortes e mais de 100 feridos em várias regiões da Ucrânia.
Vítimas civis em quatro frentes
No leste, a província de Donetsk registrou oito mortos e 34 feridos após intensa artilharia. No sul, a região de Kherson contabilizou outras oito vítimas fatais e 28 feridos. Na vizinha Zaporizhzhia, drones e outros armamentos russos mataram seis pessoas e deixaram 28 feridos. Já no nordeste, na província de Kharkiv, um civil morreu e 18 ficaram feridos.
Trump e Putin se encontrarão no dia 15
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o presidente da Rússia, Vladimir Putin, confirmaram que se reunirão em 15 de agosto no Alasca. Em coletiva realizada hoje, Trump afirmou que o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskyy, não participará do encontro porque já teria participado de várias rodadas de negociação “sem progressos significativos”. Segundo Trump, bastarão “dois minutos” para avaliar se é possível firmar um acordo.
O líder norte-americano sinalizou que as conversas podem incluir trocas territoriais entre Rússia e Ucrânia. Ele classificou as áreas atualmente ocupadas por Moscou como “muito valiosas” e disse que Washington tentará facilitar a devolução de parte desses territórios a Kyiv. A reunião poderá evoluir para um formato trilateral, com a presença de Zelenskyy, ou permanecer em discussões bilaterais entre Rússia e Estados Unidos, de acordo com Trump.
Preocupação europeia
Autoridades europeias demonstraram receio diante do tom conciliador de Washington. O chanceler alemão, Friedrich Merz, afirmou que “a pressão militar não é suficientemente forte e as sanções dos EUA ainda não surtiram efeito pleno”. Ele cobrou avanços na reunião de sexta-feira, defendendo mais pressão sobre Moscou ou um recuo voluntário russo.
Em 9 de agosto, o chanceler britânico, David Lammy, reuniu em Londres o vice-presidente norte-americano, J.D. Vance, e representantes europeus para discutir a imposição de contramedidas econômicas rigorosas caso Moscou viole eventual cessar-fogo.
Ceticismo em Kyiv
O governo ucraniano mantém dúvidas sobre o compromisso russo com a paz. Zelenskyy reforçou a necessidade de sanções adicionais dos Estados Unidos e da Europa para pressionar Moscou. Em Kyiv, cresce a apreensão de que propostas de cessão territorial premiem a agressão russa e de que Putin use um encontro reservado com Trump para responsabilizar a Ucrânia por um eventual fracasso nas negociações.

Imagem: forbes.com
Balanço da guerra aérea em 2025
Desde janeiro, a Rússia lançou cerca de 29 mil drones Shahed – incluindo iscas – e mais de 900 mísseis contra cidades e infraestrutura ucranianas. Estima-se que os drones tenham transportado 1.700 toneladas de explosivos, ao custo aproximado de US$ 5,7 bilhões. Considerando também mísseis balísticos e de cruzeiro, o gasto russo com a campanha aérea em 2025 chega a US$ 13,4 bilhões.
Julho foi o mês mais intenso, com mais de 6 mil drones disparados. Autoridades ucranianas admitem, em privado, que estoques de mísseis antiaéreos, especialmente do sistema Patriot, não acompanham o ritmo dos ataques. Mísseis balísticos exigem frequentemente dois ou três interceptores para serem derrubados.
Resposta ucraniana
Kyiv triplicou os ataques de longo alcance contra território russo desde janeiro, lançando quase 14 mil drones – 3.300 apenas em julho – ao custo total estimado entre US$ 700 milhões e US$ 1,1 bilhão. Além disso, foram disparados pelo menos 48 mísseis de cruzeiro Neptune de fabricação própria e 29 Storm Shadow fornecidos pelo Reino Unido.
No ano passado, Zelenskyy fixou metas para 2025: produzir 30 mil drones de longo alcance e 3 mil mísseis de cruzeiro ou drones-míssil. Apesar disso, cálculos indicam que a Rússia gasta hoje cerca de 13 vezes mais que a Ucrânia nesse domínio. A aposta ucraniana é aumentar rapidamente a produção e melhorar a precisão dos armamentos para diminuir a diferença antes que os custos humanos e financeiros se tornem insustentáveis.
Com informações de Forbes