A frágil recuperação do varejo britânico está sob risco após uma série de ataques cibernéticos a grandes redes do Reino Unido e dos Estados Unidos, segundo levantamento da consultoria GlobalData.
Entre as empresas atingidas estão Marks & Spencer (M&S), Coop, Harrods, Ahold Delhaize USA e a operação norte-americana da joalheria Pandora. As invasões, que incluíram sequestro de dados (ransomware), aumentaram a desconfiança dos consumidores quanto à segurança de suas informações pessoais.
Impacto financeiro
A M&S, que faturou £13,9 bilhões (US$ 18,9 bilhões) no ano encerrado em março de 2025, chegou a divulgar em maio um alerta de impacto de £300 milhões (US$ 407 milhões) no lucro em razão dos ataques. Seus serviços online foram restabelecidos apenas recentemente, e o papel da companhia acumula queda de 7,7% no ano.
Jovens lideram preocupação
Pesquisa realizada em julho pela GlobalData com 2 000 britânicos mostra que 79% dos entrevistados de 25 a 34 anos temem que varejistas não protejam adequadamente seus dados. Considerando todas as faixas etárias, o percentual cai para 69%.
A apreensão já afeta o comportamento de compra: um terço dos consumidores de 16 a 34 anos avalia reduzir ou interromper aquisições online, contra 11% daqueles com mais de 55 anos. “Para os varejistas que operam apenas na internet, o risco é maior porque não há a alternativa da loja física”, alerta a consultoria.
Panorama das vendas no Reino Unido
Depois de quedas de 2,9% em 2023 e 4,1% em 2022, as vendas no varejo britânico avançaram 0,7% em 2024, mas ainda não retornaram ao patamar de 2022, aponta o Escritório Nacional de Estatísticas (ONS). Em maio de 2025, o crescimento foi o mais baixo em seis meses, segundo o analista Matt Britzman, da Hargreaves Lansdown.

Imagem: forbes.com
Supermercados seguem firmes, com alta de 3,6% nas vendas de alimentos, enquanto itens não essenciais recuaram. Dados do ONS indicam que, de abril a junho, o faturamento das lojas virtuais subiu 3,3% em relação ao primeiro trimestre, mas novos vazamentos de dados podem comprometer esse ritmo modesto.
Soluções em análise
Para a analista Emily Salter, da GlobalData, os consumidores mais jovens evitam fornecer detalhes de pagamento diretamente aos varejistas e preferem carteiras digitais, como Apple Pay ou PayPal. Ela recomenda que sites e aplicativos sejam compatíveis com esses métodos e que as empresas reforcem suas defesas contra ataques.
Apesar da resiliência dos compradores mais velhos, especialistas alertam que a possível retração dos consumidores com menos de 35 anos pode minar a recém-iniciada recuperação do setor, especialmente em um ambiente de crescimento econômico limitado.
Com informações de Forbes