O fechamento do QuintoCred, produto de garantia locatícia do Quinto Andar, evidenciou o impacto do avanço da inadimplência sobre o setor e desencadeou um movimento de consolidação entre as principais empresas do segmento.
Ao encerrar a operação, o Quinto Andar informou que pretende concentrar esforços exclusivamente na intermediação de aluguéis. A carteira do QuintoCred foi absorvida pela Loft, que planeja encerrar 2025 com 650 mil contratos ativos de fiança de aluguel, ante os 500 mil atuais. A Loft também adquiriu 49% da CrediPago nos últimos meses, reforçando sua posição como maior player privado, com oito anos de atuação.
Nos últimos dois anos, pequenas e médias empresas deixaram o mercado ou foram incorporadas por companhias com maior capital e tecnologia, pressionadas pelos custos de operação e pela competitividade crescente.
Novos modelos e parcerias
A Onda (antiga Onda Segura) criou um sistema de Warranty as a Service (WaaS) que estabelece um score para imobiliárias. Quem acompanha de perto o comportamento dos inquilinos pode receber até 20% de cashback, explicou o fundador, Douglas Vecchio, ao defender maior interação humana para reduzir sinistralidades.
O Grupo OLX, controlador dos portais OLX, Zap e Viva Real, terceirizou a oferta de garantias locatícias à Creditas. De janeiro a agosto de 2025, a carteira da Creditas cresceu 280% em comparação com igual intervalo de 2024, impulsionada pela parceria. Segundo Daniel Ricci, diretor de garantias locatícias da empresa, a atividade exige análise detalhada de risco, controle de fraude e capital robusto — condições que, na visão dele, promovem uma seleção natural no mercado. Em algumas regiões, a inadimplência avança 10%, acrescentou.
Inovação e debate regulatório
A Loft lançou o Garantia Invest, modalidade em que o valor depositado como caução é aplicado e passa a render durante o contrato. Para Sandro Westphal, vice-presidente de alianças e parcerias estratégicas da companhia, a combinação de escala, tecnologia e capital é indispensável para manter a operação.

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O tema da regulação permanece aberto. Diferentemente dos seguros, as garantidoras são regidas pela Lei do Inquilinato, o que oferece flexibilidade, mas gera insegurança jurídica. O advogado Eduardo Brasil, sócio do escritório Fonseca Brasil, alerta que a ausência de marco legal específico permite a entrada de operadores sem lastro financeiro, expondo locadores e imobiliárias a riscos.
Enquanto o debate avança, somente 40% dos contratos de aluguel contam com algum tipo de garantia — situação que, segundo especialistas, pode limitar a expansão do serviço e levar locatários de volta a modelos mais burocráticos, como a exigência de fiador.
Com informações de InfoMoney