Gaza, 17 de agosto de 2025 – O palestino Ahmad Abushawish, de 19 anos, quer reconstruir um cinema móvel que levou entretenimento a crianças em meio aos bombardeios na Faixa de Gaza. A iniciativa parou depois que um ataque aéreo israelense danificou o painel solar que alimentava a estrutura.
Início dos projetos
Aluno do último ano do ensino médio quando a guerra Israel-Gaza recomeçou em 2023, Abushawish adiou o sonho de cursar medicina. Desde então, tornou-se repórter do projeto We Are Not Numbers e criou pequenos negócios para ajudar a família. Entre eles, produziu repelente de mosquitos artesanal – após notar o incômodo da irmã caçula, Aleen – e chegou a atuar como barbeiro, mas abandonou a atividade por baixa rentabilidade.
Como surgiu o cinema
Em 2024, a família deixou Al-Nuseirat e se abrigou em Rafah. Meses depois, retornou ao campo de refugiados, alvo de repetidos ataques israelenses, incluindo uma operação que buscava resgatar quatro israelenses e resultou na morte de três reféns e de pelo menos 274 palestinos, segundo a rede Al Jazeera.
De volta a Al-Nuseirat, os Abushawish compraram um pequeno sistema de painéis solares para ligar eletrodomésticos. Um televisor passou a exibir desenhos como “Tom & Jerry” e “Masha and the Bear” para a família de sete pessoas e vizinhos. O aumento do público levou Ahmad a transferir as sessões para o quintal. Ele improvisou um suporte com cavaletes, recebeu uma tela maior e bateria reforçada da ONG italiana Vento di Terra e passou a exibir filmes também em abrigos, escolas e um hospital.
A mãe distribuía pipoca, o pai – psicólogo – destacava o alívio emocional proporcionado às crianças e parentes ajudavam na montagem. Ahmad baixava os filmes sempre que a internet funcionava, salvava em pen-drive e conectava ao aparelho.
Interrupção forçada
Após cinco meses, o cinema parou: o painel solar foi destruído em um bombardeio. “Enfrentei muitos desafios, incluindo a escola e, principalmente, os ataques constantes a escolas e hospitais onde exibíamos os filmes”, relatou o jovem.

Imagem: Internet
Hoje, a prioridade da família é a sobrevivência. Eles vivem, no máximo, com uma refeição diária, sem dinheiro, gás ou medicamentos. O plano é deixar Gaza quando a passagem de Rafah reabrir e houver recursos para a viagem.
Recomeço planejado
Mesmo assim, Ahmad quer retomar o projeto. A família procura fundos para adquirir novo painel solar, reparar o equipamento e treinar voluntários em primeiros socorros psicológicos. O objetivo é realizar duas sessões mensais em escolas e acampamentos. “Queremos que as crianças voltem a sentir a vida normal, nem que seja por duas ou três horas”, disse.
Com informações de Forbes