Brasília, 13 de setembro de 2025 – Comentários celebrando o assassinato do influenciador conservador norte-americano Charlie Kirk resultaram em demissões, cancelamentos de contratos e representações disciplinares nos Estados Unidos e no Brasil.
Site identifica autores de publicações
Poucas horas após o crime, conservadores lançaram o site “Charlies Murderers” (“Exponha os assassinos de Charlie”), que reuniu postagens em tom de comemoração ou ironia sobre a morte de Kirk, incluindo nome, cidade e empregador dos autores. As consequências começaram a surgir ainda na mesma semana.
Demissões nos EUA
A escritora Gretchen Felker-Martin, responsável pela série Red Hood da DC Comics, foi dispensada depois de chamar Kirk de nazista nas redes sociais. A editora informou que a mensagem violou o código de conduta interno.
Na emissora MSNBC, o comentarista político Matthew Dowd perdeu o cargo por sugerir que o próprio Kirk teria provocado os atentados que o vitimaram. Mesmo com pedido público de desculpas, a demissão foi mantida.
Universidades também agiram. A Universidade do Mississippi e a Universidade Estadual do Meio-Tennessee demitiram funcionários que publicaram mensagens consideradas insensíveis sobre o caso; vídeos divulgados pelos próprios envolvidos confirmam a perda dos postos.
Manifestações nas ruas e nas redes
Em Utah, um influenciador conservador entrevistou transeuntes que declararam “ele mereceu” e “estou feliz que não esteja mais aqui”. No TikTok, o perfil @Montysnyash incitou violência contra a viúva de Kirk, enquanto outro vídeo no X mostrou um homem descrevendo com entusiasmo o momento do assassinato.
Repercussão no Brasil
No país, o historiador Eduardo Bueno (Peninha) teve seu espetáculo cancelado e foi alvo de representação no Ministério Público Federal após ironizar a morte do influenciador.
Em Recife, um médico que fez chacota do crime foi denunciado ao CRM-PE pelo vereador Thiago Medina (PL). O influenciador do PCB Jones Manoel também ironizou o episódio e acabou criticado por parte de seu próprio público.

Imagem: Rose AmantéaBrasília
A neurocientista Suzana Herculano-Houzel compartilhou texto da Folha de S.Paulo afirmando que a semana fora “boa para erradicar cânceres que usam microfones”. Nos comentários, um internauta escreveu “o Brasil segue vivo, já ele…”, ao que o ator José de Abreu respondeu: “Foi visitar o Olavo”, em referência ao escritor Olavo de Carvalho, morto em 2022.
Outra publicação partiu de uma usuária identificada como Mari, aparentemente estudante de Química no Mackenzie. Ela defendeu que brasileiros “fizessem o mesmo” com o deputado Kim Kataguiri (União Brasil-SP) e com o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG). Nikolas divulgou no X perfis de outros brasileiros que celebraram o assassinato, entre eles um neurocirurgião de Recife e uma estilista vinculada à Vogue Brasil que escreveu “amo quando fascistas morrem em agonia”.
Críticas à cobertura da imprensa
Matérias que classificaram Kirk como “extremista de direita” receberam ataques de usuários nas redes. O jornalista Paulo Figueiredo definiu manchetes do O Globo como “repugnantes”. Já Luiz Megale, âncora da BandNews FM, chamou Kirk de “canalha” ao recordar declaração de 2023 em que o influenciador afirmava valer a pena “pagar o preço de algumas mortes por armas de fogo” para preservar a Segunda Emenda da Constituição dos EUA. Megale previu que, apesar da morte, Kirk tende a virar mártir da direita e ressaltou: “ideias não se respondem com balas”.
As reações, positivas ou negativas, continuam a se multiplicar nas redes sociais e fora delas, enquanto autoridades e empregadores avaliam possíveis sanções aos autores das publicações.
Com informações de Gazeta do Povo