Nicolás Maduro declarou nesta segunda-feira, 1º de setembro de 2025, que a Milícia Nacional Bolivariana já conta com 8,2 milhões de venezuelanos alistados. O número dobra a estimativa divulgada pelo próprio líder chavista há duas semanas, quando havia anunciado 4,2 milhões de milicianos.
A fala ocorreu durante a apresentação das “unidades comunais milicianas de combate”, distribuídas em 5.334 circuitos comunais — agrupamentos de conselhos de bairro ligados ao governo. Segundo Maduro, essas unidades serão estruturadas em 15.751 Bases Populares de Defesa Integral, órgãos locais associados às Forças Armadas Bolivarianas, onde os novos recrutas serão incorporados.
O presidente afirmou que as bases permitirão “reorganizar os 8,2 milhões de venezuelanos e venezuelanas alistados na milícia” e garantir “capacidade de mobilização para manter a paz”. Ele acrescentou que o alistamento será permanente e delegou à vice-presidente Delcy Rodríguez a responsabilidade de explicar os detalhes do processo.
Denúncias de recrutamento forçado
O anúncio ocorre em meio a acusações de alistamento compulsório. A ONG Laboratorio de Paz informou ter recebido relatos de servidores públicos, adolescentes e idosos pressionados a ingressar na milícia pela campanha “Yo me alisto”.
A organização sustenta que a prática fere o artigo 134 da Constituição de 1999, que proíbe recrutamento obrigatório, e o artigo 61, que protege a liberdade de consciência, além do artigo 18 do Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos, que garante direito à objeção de consciência.

Imagem: Miguel Gutiérrez
Segundo o Laboratorio de Paz, trabalhadores relatam ameaças de sanções laborais e sociais caso recusem a adesão, enquanto funcionários públicos são instados a gravar vídeos de propaganda em apoio ao governo. A entidade aponta violação dos direitos à liberdade de expressão e de associação.
Opositores afirmam que a convocação voluntária realizada em 23 e 24 de agosto teve baixa participação, com postos de inscrição praticamente vazios. Denúncias publicadas pelo portal argentino Infobae indicam que, após o fraco resultado, regiões carentes como o estado de Bolívar se tornaram alvo de alistamento forçado; moradores relataram ações de militares que teriam levado jovens à força para integrar a milícia.
Com informações de Gazeta do Povo