O Ministério das Relações Exteriores de Israel rejeitou nesta sexta-feira (22) o pedido de 21 países e da União Europeia para que o governo suspenda o projeto de construção de novos assentamentos na Cisjordânia.
Em comunicado, a chancelaria israelense classificou a solicitação como uma “tentativa externa de impor um Estado terrorista jihadista no coração de Israel” e declarou “inaceitável” que outros governos se pronunciem “em nome do bem comum”. Segundo o texto, “o direito histórico dos judeus de viver em qualquer lugar da Terra de Israel, berço do povo judeu, é indiscutível”.
Plano E1 prevê 3.400 moradias
Na terça-feira (20), o Subcomitê de Assentamentos da Administração Civil aprovou o avanço do chamado plano E1, que inclui cerca de 3.400 unidades habitacionais em Ma’ale Adumim, a leste de Jerusalém, além da criação de um novo assentamento, Ashahel. O projeto também contempla 342 residências adicionais, edifícios públicos e infraestrutura.
Ao ligar Ma’ale Adumim — onde vivem aproximadamente 40 mil israelenses — à capital israelense, a construção dividiria a Cisjordânia e, na avaliação de críticos, dificultaria a formação de um futuro Estado palestino. O plano estava congelado havia duas décadas em razão de forte oposição internacional.
Ministro comemora e afirma que medida “enterra” Estado palestino
O ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, celebrou a decisão e declarou que a expansão “enterrará a ideia de um Estado palestino”. Ele disse ainda que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, concordaram com a retomada do empreendimento.
Smotrich afirmou que a área do E1 é “crítica” e que, sem ela, “é simplesmente impossível” criar um Estado palestino com Jerusalém Oriental como capital. “Após décadas de pressão internacional, estamos consolidando a conexão entre Ma’ale Adumim e Jerusalém”, completou.

Imagem: Bruno Sznajderman
Reações palestinas e sanções a ministros
O grupo Hamas condenou a medida, chamando o governo israelense de “colonial e ocupante extremista”. Em maio, Smotrich já havia anunciado a aprovação de 22 novos assentamentos, descrita pela ONG Peace Now como a maior expansão desde os Acordos de Oslo de 1993.
No mês seguinte, Reino Unido, Austrália, Canadá, Nova Zelândia e Noruega impuseram sanções a Smotrich e ao ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir, proibindo sua entrada nesses países e congelando bens, por suposta incitação à violência contra palestinos na Cisjordânia.
A disputa sobre os assentamentos segue sendo um dos principais pontos de tensão no conflito israelense-palestino.
Com informações de Gazeta do Povo