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Israel rebaixa representação diplomática com o Brasil após falta de aval a novo embaixador

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O Ministério das Relações Exteriores de Israel informou na segunda-feira, 25 de agosto de 2025, que as relações com o Brasil passaram a ser conduzidas em “nível diplomático inferior”. A medida foi adotada depois de o governo brasileiro não conceder o agrément — autorização formal exigida na troca de chefes de missão — ao diplomata Gali Dagan, indicado por Jerusalém para assumir a embaixada em Brasília.

Diante da ausência de resposta, Israel retirou a indicação de Dagan e decidiu manter a representação em Brasília sem um embaixador titular. A decisão agrava o clima de tensão que já vinha se delineando entre os dois países.

O que muda com o rebaixamento

Sem um embaixador, o contato bilateral passa a ser feito por diplomatas de hierarquia inferior, normalmente encarregados de negócios. Segundo Fernanda Brandão, coordenadora do curso de Relações Internacionais da Faculdade Presbiteriana Mackenzie Rio, embaixadores ocupam o mais alto posto em missões no exterior e mantêm acesso direto ao chefe de Estado. A ausência desse nível de representação reduz canais políticos de alto escalão e sinaliza insatisfação entre os governos, embora não interrompa completamente o diálogo.

O Brasil já havia contribuído para o esvaziamento da relação ao chamar de volta, no ano passado, seu embaixador em Israel, Frederico Meyer, sem indicar sucessor.

Contexto da crise

Israel alega que o Planalto adotou postura “crítica e hostil” desde os ataques do Hamas em 7 de outubro de 2023. A reação se intensificou em fevereiro de 2024, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva comparou a ofensiva israelense na Faixa de Gaza às ações nazistas. O então chanceler israelense, Israel Katz — hoje ministro da Defesa —, declarou Lula persona non grata e afirmou: “Não esqueceremos nem perdoaremos”.

Nos meses seguintes, o governo brasileiro saiu da Aliança Internacional para a Memória do Holocausto (IHRA) e passou a apoiar, na Corte Internacional de Justiça, ação movida pela África do Sul que acusa Israel de genocídio em Gaza. Para o Ministério das Relações Exteriores israelense, essa combinação de decisões representa “grave falha moral”.

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Imagem: André Borges

Efeitos práticos

Na avaliação de Fernanda Brandão, o rebaixamento não traz mudanças administrativas significativas além das já observadas, mas reforça o distanciamento diplomático. “É um sintoma de ruptura numa relação historicamente marcada por cooperação”, afirmou.

Até o momento, nenhum dos dois governos anunciou novas iniciativas para reverter o impasse.

Com informações de Gazeta do Povo

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