Jerusalém — O ministro das Finanças de Israel, Bezalel Smotrich, afirmou nesta quarta-feira, 3 de setembro, que o governo pretende estender a soberania israelense a 82% da Cisjordânia, território administrado atualmente pela Autoridade Palestina. A declaração foi feita em coletiva de imprensa na capital israelense e divulgada pela agência turca Anadolu.
De acordo com Smotrich, a iniciativa tem como objetivo impedir a formação de um Estado palestino. “É hora de aplicar a soberania israelense na Judeia e Samaria e eliminar de uma vez a ideia de dividir nossa pequena terra”, disse o líder do partido Sionismo Religioso. Ele defendeu o princípio de “máxima terra com mínima população árabe” e descartou a solução de dois Estados: “Nunca haverá, e nunca poderá haver, um Estado palestino em nossa terra”.
O ministro acrescentou que os temas civis hoje sob responsabilidade da Autoridade Palestina seriam repassados a “alternativas de gestão civil regional”. Caso a administração palestina “se erga e tente nos prejudicar”, declarou, Israel reagirá “da mesma forma que faz com o Hamas”.
Smotrich pediu ao primeiro-ministro Benjamin Netanyahu que aprove “uma decisão histórica” para anexar todas as áreas abertas da Cisjordânia. Segundo ele, a medida atua como resposta à pressão internacional para reconhecer oficialmente o Estado da Palestina durante a Assembleia Geral da ONU, marcada para 8 a 23 de setembro, em Nova York. Bélgica, França, Reino Unido, Canadá e Austrália anunciaram intenção de adotar esse reconhecimento, juntando-se a 147 países — entre eles o Brasil — que já o fizeram.
Em agosto, o governo israelense aprovou o projeto E1, que prevê a expansão de assentamentos em uma zona estratégica próxima a Jerusalém, o que poderia dividir a Cisjordânia em dois blocos e isolar a parte oriental da cidade.

Imagem: ABIR SULTAN
Reações regionais
A proposta provocou críticas imediatas. Nesta quinta-feira, 4 de setembro, os Emirados Árabes Unidos advertiram que a anexação cruzaria “uma linha vermelha” e comprometeria os Acordos de Abraão, formalizados entre os dois países em 2020. “Enfraqueceria severamente a visão desses acordos e a busca pela integração regional”, afirmou Lana Nusseibeh, representante do Ministério das Relações Exteriores dos Emirados.
A Autoridade Palestina classificou o plano como ameaça direta às aspirações de independência. Na Cisjordânia vivem hoje cerca de 3,3 milhões de palestinos, enquanto aproximadamente 700 mil israelenses residem em cerca de 160 assentamentos erguidos desde a guerra de 1967. Essas construções são consideradas ilegais pelo direito internacional, interpretação rejeitada por Israel.
Com informações de Gazeta do Povo