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Investimentos chineses no Brasil devem ultrapassar R$ 27 bilhões até 2032 e avançam em setores estratégicos

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Os aportes da China no Brasil seguem em ritmo acelerado e, segundo projeções da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), devem superar R$ 27 bilhões até 2032. O movimento reforça a presença de empresas chinesas em áreas como energia, mineração, tecnologia, serviços e mobilidade.

Capital desembolsado cresce

Levantamento do Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC) aponta que, em 2023, investidores chineses aplicaram US$ 1,73 bilhão no país, alta de 33 % ante 2022. Do total, 39 % destinaram-se ao setor elétrico e 33 % ao automotivo. Já o Banco Central registrou US$ 379 milhões em investimentos diretos de janeiro a junho de 2025, superando o volume anual chinês desde 2018.

O advogado tributarista Marco Antônio Ruzene observa que Pequim mira projetos de infraestrutura logística e energética, muitas vezes por meio de parcerias público-privadas e concessões. Para ele, marcos regulatórios claros são decisivos para atrair o capital asiático.

Vivian Fraga, especialista em China da TozziniFreire Advogados, lembra que a relação é “estratégica e complementar”: a China busca segurança alimentar e energética, enquanto o Brasil procura investimentos e novos mercados.

Comércio bilateral

Além de investir, a China mantém a posição de principal parceiro comercial do Brasil. Em 2023, respondeu por 28 % das exportações brasileiras e por 41 % do superávit comercial. Soja (33,4 % das vendas), petróleo bruto (21,2 %) e minério de ferro (21,1 %) concentraram três quartos da pauta exportadora.

Nas importações, a participação chinesa alcançou 24,2 % em 2024. Veículos elétricos e híbridos, equipamentos de telecomunicações e máquinas industriais lideram a lista de produtos comprados.

EUA ainda lideram estoque de investimentos

Mesmo com o avanço chinês, os Estados Unidos seguem como maiores investidores no país: o estoque norte-americano saltou de US$ 108,7 bilhões em 2014 para US$ 357,8 bilhões em 2024, segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI). O estoque chinês entre 2005 e 2025 soma US$ 76 bilhões.

Investimentos chineses no Brasil devem ultrapassar R$ 27 bilhões até 2032 e avançam em setores estratégicos - Imagem do artigo original

Imagem: criada utilizando Dall-E via gazetadopovo.com.br

Ruzene avalia que medidas protecionistas de outros parceiros, como o aumento de tarifas norte-americanas, impulsionam a busca brasileira por acordos mais estáveis com Pequim.

Principais anúncios de investimento

Mobilidade e automotivo

  • GWM: R$ 6 bilhões entre 2027 e 2032, além dos R$ 4 bilhões aplicados de 2022 a 2025.
  • BYD: R$ 5,5 bilhões na fábrica de Camaçari (BA), com capacidade projetada para 600 mil veículos ao ano.
  • GAC: R$ 7,4 bilhões para instalar centro de P&D no Nordeste e possível uso de unidade da Mitsubishi em Goiás.
  • DiDi (app 99): R$ 1 bilhão para relançar o 99Food e instalar 10 mil pontos de recarga.

Energia

  • Envision Energy: até R$ 5 bilhões até 2033 em hub industrial no Rio de Janeiro e fábrica de hidrogênio verde no Ceará.
  • CGN: R$ 3 bilhões em projetos eólico-solar no Piauí, com armazenamento de energia.

Tecnologia e semicondutores

  • Longsys (Zilia): R$ 650 milhões para ampliar plantas em Atibaia (SP) e Manaus (AM).
  • Bytedance: estuda centro de dados do TikTok no Brasil.
  • Huawei: negocia uso de data centers da Dataprev e parceria de nuvem com o Edge UOL, aguardando nova medida provisória.

Mineração

  • CMOC: adquiriu, em 2016, minas de nióbio e fosfato por US$ 1,5 bilhão.
  • Baiyin Nonferrous: R$ 2,4 bilhões na compra da Vale Verde, com capacidade para 400 mil t de cobre/ano.
  • BYD: assumiu direitos de exploração de lítio no Vale do Jequitinhonha (MG) em 2023.
  • CNT: pagou cerca de R$ 2 bilhões pela Mina de Pitinga (AM) em 2024.
  • MMG: fechou compra de ativos de níquel da Anglo American por cerca de R$ 3 bilhões em fevereiro de 2025.

Serviços

  • Meituan (Keeta): R$ 5,6 bilhões em cinco anos para operações de delivery, com central no Nordeste.
  • Mixue: R$ 3,2 bilhões para instalar rede de fast food e usar frutas brasileiras em sorvetes e chás.
  • UnionPay: estreia em 2025 via fintech Left, emitindo cartões e integrando sistemas de pagamento.

Parcerias em inovação e saúde

A Norteq Química investirá R$ 350 milhões em plataforma industrial com parceiros chineses de insumos farmacêuticos. A Associação Brasileira das Empresas de Software (ABES) e o Zhongguancun Development Group criarão o “China Desk” para aproximar companhias de tecnologia.

Na área de energia renovável, a Raízen assinou acordo com a SAFPAC, de Hong Kong, para produzir combustível de aviação sustentável na China. Já a Eurofarma e a Sinovac fundarão o Instituto Brasil-China de Biotecnologia e Doenças Infecciosas & Degenerativas (iBRID), voltado a vacinas de nova geração, anticorpos e terapias avançadas.

Com a diversificação dos aportes e a intensificação do comércio, a participação chinesa tende a ganhar ainda mais relevância no cenário econômico brasileiro nos próximos anos.

Com informações de Gazeta do Povo

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