La Paz — O ex-presidente da Bolívia, Evo Morales (2006-2019), afirmou na manhã deste domingo (17) que não respaldará qualquer candidato nas eleições gerais realizadas hoje no país e declarou que pretende anular o próprio voto.
Morales chegou cedo à escola Villa 14, localizada no Trópico de Cochabamba, seu tradicional reduto político e sindical. Carregando uma caneta, ele disse que registraria voto nulo. Um grupo de apoiadores abriu caminho até a sala onde ele apresenta semanalmente o programa de rádio “Kawsachun Coca” e o presenteou com um colar de folhas de coca.
“Até duas semanas atrás havia possibilidades, mas houve intimidação, ameaça e perseguição”, declarou o ex-mandatário, ao comentar conversas que teria mantido com outras legendas para voltar a concorrer. Sem seu nome na cédula, Morales convocou os eleitores a também anularem o voto, dizendo que nenhum postulante “representa o povo” boliviano.
Na véspera, o ministro de Governo, Roberto Ríos, alertou para supostas tentativas de setores ligados ao ex-presidente de “provocar comoção e dificultar o processo eleitoral”. O integrante do gabinete pediu à população que “não se deixe levar por tentativas de gerar caos”.
Impedimentos e disputas internas
Morales permanece no Trópico de Cochabamba desde outubro de 2024, cercado por centenas de simpatizantes que buscam impedir o cumprimento de uma ordem de prisão contra ele por um caso de tráfico de pessoas agravado.
Após quase três décadas, o ex-governante deixou o Movimento ao Socialismo (MAS) depois de perder a liderança partidária. Uma decisão de inabilitação constitucional o retirou da corrida presidencial de 2025. Morales ainda tentou concorrer por outro partido, mas o Tribunal Supremo Eleitoral (TSE) não aprovou o registro.

Imagem: EPA EFE
Urnas em meio à crise econômica
Ao todo, 7.567.207 bolivianos maiores de 18 anos estão aptos a eleger presidente, vice-presidente e integrantes do Legislativo para um mandato de cinco anos. Outros 369.308 cidadãos podem votar no exterior.
A votação ocorre em cenário de severa crise econômica, marcada pela falta de dólares, escassez de combustíveis e a pior inflação em décadas.
Com informações de Gazeta do Povo