O governo dos Estados Unidos confirmou, no último fim de semana, o primeiro caso humano do parasita conhecido como mosca-da-bicheira (New World Screwworm) no país. O paciente, residente de Maryland, havia retornado recentemente de El Salvador. A infecção foi validada em 4 de agosto por exames do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC).
Em nota à emissora NBC nesta segunda-feira (25), a porta-voz do Departamento de Saúde e Serviços Humanos (HHS), Emily G. Hilliard, informou que se trata do primeiro registro nos EUA ligado a uma viagem a país com surto ativo. Segundo ela, o risco à saúde pública norte-americana “é muito baixo” no momento.
Como age o parasita
De acordo com o CDC, a Cochliomyia hominivorax deposita ovos em feridas abertas de animais ou humanos. Quando eclodem, as larvas penetram na carne viva em movimento semelhante ao de um parafuso — daí o nome em inglês screwworm. Em rebanhos, a infestação pode ser fatal em poucas semanas se não houver tratamento; em pessoas, a ocorrência é rara e exige retirada manual das larvas seguida de desinfecção da lesão.
Impacto econômico e medidas federais
Estimativa do Departamento de Agricultura (USDA) aponta que uma eventual propagação do parasita poderia gerar prejuízo de até US$ 1,8 bilhão somente no Texas, principal produtor de gado do país.
No dia 15, a secretária de Agricultura, Brooke Rollins, apresentou no Texas um plano em cinco etapas para conter a praga, incluindo a liberação de moscas machos esterilizadas criadas em laboratório — técnica utilizada na década de 1960 para erradicar o inseto dentro do território norte-americano.
Quatro dias depois, em 19 de agosto, o HHS autorizou a Administração de Alimentos e Medicamentos (FDA) a permitir, em caráter emergencial, o uso de medicamentos veterinários ainda não aprovados formalmente contra a mosca-da-bicheira. A medida vale para rebanhos, animais domésticos e espécies da vida silvestre.

Imagem: John Kucharski
Ao anunciar a liberação, o secretário de Saúde, Robert F. Kennedy Jr., classificou a iniciativa como “ação decisiva para proteger o suprimento alimentar da nação”. Rollins reforçou que barrar o parasita é “prioridade de segurança nacional”.
Avanço regional
A mosca-da-bicheira é endêmica em Cuba, Haiti, República Dominicana e em vários países sul-americanos. Desde 2023, o inseto avança pelo México rumo à fronteira dos EUA. Em julho deste ano, um caso foi confirmado no estado mexicano de Veracruz, a 595 km do Texas.
Para tentar conter a entrada do parasita, Washington suspendeu a importação de gado mexicano três vezes desde novembro de 2024. Especialistas ouvidos pela agência Reuters alertam que a proximidade crescente da praga representa ameaça significativa ao setor pecuário norte-americano.
Com informações de Gazeta do Povo