Brasília – O estrategista de campanha do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, Jason Miller, afirmou nesta terça-feira (2) que “os Estados Unidos não negociam com terroristas”, em mensagem endereçada ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
A declaração foi publicada na rede social X, acompanhada de link para reportagem do portal Metrópoles sobre falas do magistrado durante a leitura do relatório da ação penal 2668, que apura suposta tentativa de golpe de Estado no Brasil. Ao compartilhar o conteúdo, Miller escreveu: “Entendido. E seria prudente para o Supremo Tribunal Federal e o ministro Alexandre de Moraes saber que os Estados Unidos não negociam com terroristas”.
Na postagem, o estrategista marcou os perfis oficiais do STF (@STF_oficial) e de Moraes (@Alexandre), embora a conta pessoal do ministro esteja inativa.
Contexto da ação penal 2668
O processo citado investiga o ex-presidente Jair Bolsonaro e outras sete pessoas pelo que a Procuradoria-Geral da República descreve como núcleo 1 de um plano para contestar o resultado da eleição de 2022. Ao abrir a sessão de leitura de seu relatório, Moraes declarou que a soberania nacional “não pode, não deve e jamais será vilipendiada, negociada ou extorquida” e acrescentou que a Corte não aceitará “coações estrangeiras”.
Histórico de atritos
Miller, que já trabalhou como conselheiro próximo de Trump em 2016 e voltou à função na campanha de 2024, mantém críticas frequentes a Moraes. No mês passado, chamou o ministro de “aspirante a ditador” e “ameaça à democracia em todo o Hemisfério Ocidental”, acusando-o de restringir a liberdade de Bolsonaro, atualmente em prisão domiciliar e réu na ação sobre golpe.
O confronto pessoal se intensificou em 2021, quando Miller foi detido no Aeroporto de Brasília por ordem de Moraes no inquérito dos atos antidemocráticos. Liberado horas depois, o estrategista passou a acompanhar de perto decisões do STF ligadas à política brasileira.

Imagem: Bruno Peres
Efeito nas redes e repercussão
A nova mensagem reforça o tom de tensão entre o assessor de Trump e o Judiciário brasileiro, mas até o momento não houve manifestação pública do Supremo ou do ministro sobre a provocação.
O episódio ocorre em meio a debates sobre possíveis sanções internacionais contra autoridades brasileiras, tema que tem sido usado por setores conservadores nos Estados Unidos para pressionar o governo Biden a adotar medidas contra Moraes.
Não há previsão de julgamento final da ação penal 2668, que tramita na Primeira Turma do STF.
Com informações de Gazeta do Povo