O governo da Dinamarca apresentou nesta quarta-feira (27) um pedido de desculpas inédito às mulheres da Groenlândia que tiveram dispositivos intrauterinos (DIUs) inseridos sem consentimento entre os anos 1960 e 1990.
A primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen, reconheceu em comunicado que o episódio gerou “raiva e dor” entre os groenlandeses e afetou a percepção sobre o Reino, que inclui Dinamarca, Groenlândia e Ilhas Faroe. “Perdão às meninas e mulheres que foram alvo de discriminação sistemática por serem groenlandesas, que sofreram danos físicos e psicológicos, e a quem falhamos”, declarou.
Reportagem da emissora pública DR revelou que ao menos 4,5 mil mulheres e adolescentes — algumas com 12 anos — receberam DIUs, muitas vezes sem autorização, de meados da década de 1960 até 1991, quando a Groenlândia assumiu a gestão de seu sistema de saúde. A prática fazia parte de um programa estatal de planejamento familiar num período em que a ilha, então recém-transformada de colônia em província dinamarquesa (1953), registrava uma das maiores taxas de natalidade do mundo.
O caso é investigado por uma comissão formada pelos dois governos, que deve divulgar suas conclusões no próximo mês. Paralelamente, 143 mulheres movem uma ação coletiva contra o Estado dinamarquês por violação de direitos humanos, exigindo 43 milhões de coroas (cerca de R$ 36 milhões) em indenizações.
O governo da Groenlândia abriu investigação própria sobre possíveis implantações de DIUs a partir de 1992 e reservou 4,5 milhões de coroas (aproximadamente R$ 3,8 milhões) para eventuais reparações. “Quero pedir desculpas, em nome do governo groenlandês, pelo dano e abuso que várias mulheres podem ter sofrido depois que assumimos as competências em saúde”, disse o presidente autônomo Jens-Frederik Nielsen.

Imagem: implantações de DIUs s csentimento
O antecessor de Nielsen, Múte B. Egede, chegou a classificar o episódio como “genocídio” no ano passado. Segundo os dois governos, um ato oficial conjunto de desculpas será organizado quando o relatório final da comissão for publicado.
Com informações de Gazeta do Povo