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Crimeia e Donbass: territórios no centro das negociações entre Rússia, Ucrânia e EUA

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tem reunião marcada para esta segunda-feira, 18 de agosto de 2025, com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky. O encontro ocorre três dias após Trump ter conversado com o líder russo Vladimir Putin no Alasca e deverá girar em torno de dois pontos decisivos para um possível cessar-fogo: a península da Crimeia e a região do Donbass, exigidas por Moscou como condição para um acordo, mas consideradas por Kiev parte inalienável de seu território.

Crimeia: península estratégica no Mar Negro

Com 27 mil km² – área semelhante à da Bélgica –, a Crimeia fica no sul da Ucrânia, ligada ao continente por uma estreita faixa de terra e banhada pelo Mar Negro. A localização transformou a península em peça-chave desde a Antiguidade. No século XIX, foi palco da Guerra da Crimeia (1853-1856), quando o Império Russo enfrentou britânicos, franceses e otomanos.

A capital administrativa é Simferopol, mas o porto de Sebastopol abriga a principal base da Frota russa do Mar Negro, fator decisivo para o interesse de Moscou. Durante a era soviética, a península foi transferida à Ucrânia em 1954 por decisão de Nikita Khruschov. No referendo de 1991, já com a URSS em colapso, a maioria dos moradores optou por permanecer na Ucrânia independente.

Antes da anexação russa, em 2014, a região era conhecida pelo turismo e pela produção agrícola. Segundo o censo de 2001, viviam ali cerca de 2 milhões de pessoas, sendo 58% russos, 24% ucranianos e 12% tártaros. Este último grupo, nativo da península, sofreu deportações em massa na era de Joseph Stálin.

Donbass: pulmão industrial e energético

O Donbass, sigla para Bacia do Rio Donets, cobre aproximadamente 60 mil km² e corresponde às províncias de Donetsk e Luhansk, no leste ucraniano. Desde o século XIX, a área concentra grandes jazidas de carvão, siderúrgicas, indústrias químicas e metalúrgicas, formando o coração industrial do país.

Povoado por cossacos ucranianos no século XVII, o território manteve laços com Kiev mesmo após receber levas de trabalhadores russos. No plebiscito de 1991, a maioria também votou pela independência da Ucrânia. Hoje, estimativas indicam que 87% do Donbass está sob controle de forças russas e grupos separatistas, mas Zelensky afirma que não pretende ceder a região.

Peso militar, econômico e simbólico

Analistas ouvidos pela imprensa norte-americana ressaltam que a Crimeia oferece à Rússia um porto de águas profundas e uma plataforma para projetar poder sobre o Mar Negro e o Mediterrâneo. “A península garante o acesso e a capacidade de operação de Moscou em todo o Mar Negro”, afirmou Maria Snegovaya, pesquisadora do Center for Strategic and International Studies (CSIS).

Crimeia e Donbass: territórios no centro das negociações entre Rússia, Ucrânia e EUA - Imagem do artigo original

Imagem: Gavriil Grigorov

Para a Rússia, manter o Donbass significa controlar reservas de energia, infraestrutura industrial e uma linha de defesa construída pela Ucrânia ao longo de anos. “Sem o Donbass, Kiev perde parte vital da sua economia e de suas fortificações”, avaliou Elina Beketova, do Centre for European Policy Analysis (CEPA).

Trump, que declarou ter discutido a troca de territórios com Putin, acredita que um acordo passa por concessões dessas áreas. Zelensky, por sua vez, reiterou que “não deixará o Donbass” e que a Crimeia continua sendo ucraniana.

As negociações desta segunda-feira tendem a definir o próximo passo da guerra no Leste Europeu, com Washington tentando mediar uma saída que leve em conta as exigências de Moscou e a integridade territorial defendida por Kiev.

Com informações de Gazeta do Povo

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