A emissora pública britânica BBC alterou, na segunda-feira (19), uma reportagem em que atribuía à desnutrição a morte de Marah Salah Mahmoud Zohry, de 20 anos, internada na Faixa de Gaza. Após a publicação original, a emissora reconheceu que a jovem estava em tratamento contra um quadro agressivo de leucemia.
Em nota, um porta-voz afirmou que a BBC “inicialmente não sabia que Zohry estava em tratamento contra a leucemia”. O texto recebeu um aviso destacando que o título foi modificado para retirar a referência à desnutrição e que o hospital descreveu o caso como “quadro clínico muito complexo”.
A correção foi feita depois de a Coordenação de Atividades Governamentais de Israel nos Territórios (COGAT) divulgar um relatório médico do Centro de Câncer do Hospital Nasser, em Khan Younis, no sul de Gaza. O documento indica que exames de sangue da paciente eram “compatíveis com leucemia promielocítica aguda (LPA)”.
A BBC informou ter atualizado o título, posts em redes sociais e adicionado nota explicativa, procedimento padrão da emissora para erros factuais.
Outros veículos também relacionaram a morte de Zohry à fome, o que gerou críticas de autoridades como o embaixador dos Estados Unidos em Israel, Mike Huckabee, e o enviado comercial do governo britânico para Tel Aviv, Lord Austin. Ao jornal The Daily Telegraph, Austin afirmou que o diretor-geral da BBC, Tim Davie, deveria renunciar caso não “coloque a casa em ordem”.

Imagem: Bruno Sznajderman
No mês anterior, situação semelhante envolveu o The New York Times, que modificou matéria sobre uma criança descrita como “à beira da fome” e depois identificada com condições médicas pré-existentes. A BBC havia reproduzido essa história sem mencionar relatórios que apontavam paralisia cerebral e hipoxemia.
Os episódios reacenderam críticas sobre a cobertura da guerra entre Israel e Hamas e o uso de informações médicas em reportagens sobre crise humanitária na faixa de Gaza.
Com informações de Gazeta do Povo