No próximo sábado, 13 de setembro, o Brasil celebra o Dia Nacional da Cachaça. A data reforça o papel de pequenas cachaçarias que preservam métodos artesanais em alambiques de cobre, movimentam economias locais e avançam para mercados internacionais.
Expansão do setor
O Anuário da Cachaça 2025, publicado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), aponta 1.266 estabelecimentos ativos em 2024, alta de 4% em relação a 2023. Minas Gerais concentra 501 deles, equivalente a 39,6% do total. Também houve crescimento de 20,4% no número de produtos registrados, que somam 7.223 rótulos.
Guardião da cultura
A analista da Unidade de Competitividade do Sebrae Nacional, Carmen Sousa, destaca que os pequenos produtores “são guardiões de uma rica tradição cultural” e acrescenta que o segmento mantém famílias no campo e estimula o turismo de experiências.
Reconhecimento como patrimônio
Presidente da Associação Nacional da Cachaça de Alambique (Anpaq), Sérgio Maciel defende o método de produção em alambique como Patrimônio Histórico, Cultural e Imaterial do Brasil. A entidade lançou um manifesto nacional em maio, em parceria com o Instituto Brasileiro de Integração: Cultura, Turismo e Cidadania (IBI).
Maciel reforça a sustentabilidade do processo: “É o destilado com maior sustentabilidade do mundo, desde a muda até o envasamento”.
Portaria redefine classificação
A Portaria 539/2022 do Mapa extinguiu a nomenclatura “artesanal” e passou a adotar “cachaça de alambique” ou simplesmente “cachaça”, conforme o método de destilação.
Exemplos de sucesso
Sanhaçu – Na região serrana de Pernambuco, a cachaçaria Sanhaçu produz cachaça orgânica há 18 anos. A Sanhaçu Soleira foi eleita em 2023 a melhor cachaça do Brasil pela Cúpula da Cachaça. Além da bebida, o alambique explora turismo pedagógico, que representa 40% do faturamento, segundo a proprietária Elke Barreto.

Imagem: Divulgação
Magnífica – No Rio de Janeiro, a família Faria mantém há quatro décadas a produção da cachaça Magnífica. O rótulo já foi tema de enredo no Carnaval carioca e exporta para Europa, Estados Unidos, Singapura e, em breve, Japão. Para o produtor Raul de Faria, a Portaria 539/2022 ajuda o consumidor a diferenciar a bebida de alambique de outros destilados.
Sô Nicó – Em Dores do Turvo (MG), o alambique que leva a imagem do avô de Douglas de Resende formalizou a produção em 2020, após interdição por falta de registro. Regularizada, a marca ganhou prêmios em 2024, entre eles o de melhor cachaça produzida pela agricultura familiar, e hoje vende em todo o país.
Os casos evidenciam um mercado em crescimento que alia tradição, qualidade e sustentabilidade, reforçando a identidade cultural da cachaça brasileira.
Com informações de Agência Sebrae de Notícias