O plano de socorro aos setores atingidos pela tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos, apresentado pelo governo federal na quarta-feira (13), foi classificado por analistas como acertado para oferecer liquidez rápida às empresas, mas dependente de repasses ágeis e do caráter realmente temporário das medidas.
Crédito e prorrogação de drawback
A iniciativa prevê uma linha de crédito de R$ 30 bilhões condicionada à manutenção de empregos e a prorrogação por um ano do regime de drawback, que suspende tributos de importação sobre insumos usados em bens exportados.
Para Jorge Ferreira, doutor em Administração e professor da ESPM, concentrar recursos no curto prazo ajuda as companhias a enfrentar a elevação tarifária, mas o processo de diferimento de impostos costuma ser burocrático e exigir estrutura especializada das exportadoras.
Na mesma linha, o especialista em comércio exterior Jackson Campos avaliou que juros mais baixos, extensão de prazos fiscais e incentivos à exportação concedem “fôlego imediato” ao setor produtivo e preservam postos de trabalho.
Risco fiscal e política monetária
André Valério, economista sênior do Inter, destacou que o pacote era esperado, porém demanda atenção sobre seus efeitos nas contas públicas. Segundo ele, ainda que o montante anunciado não seja suficiente para gerar grandes distorções, a permanência de subsídios pode criar pressões fiscais e interferir na política monetária.
Negociação com Washington continua
Mesmo com o anúncio das medidas, Ferreira e Campos defendem que o governo mantenha diálogo com Washington para tentar reduzir a alíquota e, paralelamente, busque novos mercados. Prolongar o apoio emergencial por período maior, alertam, pode elevar o impacto fiscal.
Assinatura da MP
A Medida Provisória foi assinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em cerimônia no Palácio do Planalto, ao lado do ministro da Fazenda, Fernando Haddad; do vice-presidente e ministro da Indústria, Geraldo Alckmin; e dos presidentes da Câmara, Hugo Motta, e do Senado, Davi Alcolumbre. Durante o evento, Lula afirmou que o país procurará novos destinos para seus produtos caso permaneçam as restrições norte-americanas.
Haddad classificou a tarifa dos EUA como “injustificada” em termos políticos e econômicos, lembrando que o país norte-americano mantém superávit expressivo na balança comercial bilateral.
Com informações de InfoMoney