LUZIÂNIA (GO) – A artesã Maria José dos Santos Sousa, 51 anos, conhecida como Maria do Couro, converteu peles de tilápia descartadas pela piscicultura em matéria-prima para bolsas, sapatos e acessórios de alto valor agregado. O empreendimento, iniciado há 13 anos com um empréstimo de R$ 50, ganhou estrutura, visibilidade nacional e se prepara para exportar.
Origem do negócio
A virada na trajetória ocorreu em 2011, quando a artesã procurou o Sebrae para elaborar um plano de negócios. No mesmo período, participou de uma missão técnica ao Pontal do Paraná, onde aprendeu a curtir couro de peixe com tanino, sem uso de produtos químicos. A viagem foi viabilizada pelo incentivo de Janea Meireles, presidente da Associação dos Artesãos de Luziânia, e de Adriano Teixeira, hoje gerente da Regional Sudoeste do Sebrae Goiás.
Desafios superados
De volta a Goiás, Maria enfrentou a falta de espaço físico para instalar o fulão, tambor usado no curtume. Em um dos episódios mais críticos, passou a noite inteira vigiando a máquina para não perder 40 quilos de pele em processamento. Sem local definitivo, passou a confeccionar sandálias com o estoque de couro pronto para manter a produção ativa e divulgar o material.
Sustentabilidade e reconhecimento
O trabalho da empreendedora se enquadra na economia circular. Somente em 2023, o Brasil produziu mais de 579 mil toneladas de tilápia; sem reaproveitamento, peles e escamas se tornariam resíduos. Com o processo de curtimento, o descarte ganha resistência e acabamento diferenciado, reduzindo impacto ambiental.
Com apoio contínuo do Sebrae, Maria estruturou a marca, participou de feiras como Tecnoshow e Agro Centro-Oeste e ministra oficinas sobre o uso do couro de peixe. Segundo a artesã, a experiência também trouxe crescimento pessoal: “Eu entrava muda e saía calada nas reuniões; hoje, sei conduzir e expressar o que penso”.

Imagem: Vivianne Oliveira
Próximos passos
Entre os planos estão o lançamento da marca Filha de Mahjory, homenagem à mãe, a formação de um grupo de artesãs para ampliar a produção e a reinstalação do fulão, que permitirá dedicação exclusiva ao negócio. “Quero sustentar minha casa com o que faço e ver mais mulheres trabalhando com esse couro”, afirma.
Maria aconselha quem deseja empreender no segmento: “Não comece pela metade; profissionalize-se primeiro e cumpra as etapas”. Interessados podem acompanhar o trabalho pelo Instagram @filhademahjory.
Com informações de Agência Sebrae de Notícias