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Republicano Tom Cotton propõe investigação sobre presença chinesa no agronegócio brasileiro

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Washington (EUA) – O senador norte-americano Tom Cotton (Partido Republicano, Arkansas) incluiu, no projeto de lei de autorização de atividades de inteligência para o ano fiscal de 2026, uma cláusula que obriga órgãos como a Agência Central de Inteligência (CIA) e a Agência de Segurança Nacional (NSA) a examinar o avanço de empresas chinesas no setor agrícola do Brasil.

A proposta, aprovada pela Comissão de Inteligência do Senado – composta por nove republicanos e oito democratas e presidida pelo próprio Cotton –, ainda precisa passar pelo plenário da Casa, pela Câmara dos Representantes e, por fim, ser sancionada pelo presidente Donald Trump.

Motivação da iniciativa

O texto determina que a comunidade de inteligência avalie os impactos de investimentos ou de eventual controle chinês sobre a cadeia de suprimentos, o mercado global de alimentos e a segurança alimentar dos Estados Unidos.

Ao anunciar a aprovação na comissão, Cotton agradeceu o apoio bipartidário: “Este projeto de lei tornará os Estados Unidos mais seguros e aumentará a transparência e a eficiência das agências de inteligência”, disse.

Histórico de confrontos com Pequim

Conservador alinhado a Trump, Cotton é um dos principais críticos do Partido Comunista Chinês no Congresso. Entre suas bandeiras estão:

  • proibir estudantes chineses de ingressar em cursos considerados sensíveis em universidades americanas;
  • revogar o status de Relações Comerciais Mais Favorecidas permanentes da China, substituindo-o por renovações anuais com exigências de direitos humanos;
  • incentivar o “desacoplamento” econômico por meio de mais investimentos domésticos.

Em fevereiro de 2025, o senador lançou o livro Seven Things You Can’t Say About China, que entrou na lista de mais vendidos do New York Times. Na obra, afirma que a China “representa a maior ameaça à liberdade no mundo contemporâneo” e descreve suposta infiltração chinesa em Hollywood, Wall Street, universidades, mídia e política.

Críticas a Lula e a Biden

Cotton já havia demonstrado preocupação com a aproximação Brasil-China. Em abril de 2023, no programa Hannity, da Fox News, criticou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), chamando-o de “crítico, senão abertamente hostil, aos Estados Unidos”. Segundo ele, a “fraqueza” do então presidente Joe Biden favoreceu a formação de “um eixo do mal cada vez mais centrado em Pequim”, atraindo países como Brasil, Emirados Árabes Unidos, Irã e Arábia Saudita.

Defesa do produtor americano

Em julho de 2025, o senador defendeu as tarifas impostas por Trump a mercadorias estrangeiras, argumentando que a medida ajuda agricultores do Arkansas, responsável por mais de 40% da produção de arroz do país. “O presidente Trump está usando tarifas para encontrar novos mercados para os produtores de arroz do Arkansas”, escreveu na rede X.

Republicano Tom Cotton propõe investigação sobre presença chinesa no agronegócio brasileiro - Imagem do artigo original

Imagem: Reprodução via gazetadopovo.com.br

Projetos contra compra de terras por chineses

Cotton apresentou, em 2022, projeto que proíbe membros do Partido Comunista Chinês de adquirir terras nos EUA; em 2023, expandiu a restrição para qualquer cidadão ou empresa da China. As iniciativas não avançaram, mas foram reapresentadas em janeiro de 2025, já no segundo mandato de Trump. O senador defende medida semelhante em vigor no Arkansas desde 2023.

Atuação em tecnologia e defesa

Nos últimos meses, Cotton tem cobrado rastreamento de chips de inteligência artificial exportados e criticado a nomeação do executivo Lip-Bu Tan como CEO da Intel, alegando investimentos do empresário em companhias ligadas ao Exército chinês. Também enviou carta ao secretário de Defesa, Pete Hegseth, sobre a contratação de engenheiros baseados na China pela Microsoft para manter sistemas de nuvem do Pentágono, o que levou a uma revisão emergencial de contratos.

Trajetória

Nascido em 1977, Cotton cresceu em uma fazenda de gado no Condado de Yell, Arkansas. Formou-se em direito pela Universidade de Harvard, serviu no Exército entre 2004 e 2009, com passagens pelo Afeganistão e pelo Iraque, foi eleito para a Câmara dos Representantes em 2012 e chegou ao Senado em 2014 após derrotar o democrata Mark Pryor.

Com forte posicionamento anti-China, o senador pressiona agora para que a inteligência norte-americana escrutine o papel de empresas chinesas no agronegócio brasileiro e seus reflexos na segurança alimentar global.

Com informações de Gazeta do Povo

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