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China cogita ampliar compras de soja dos EUA e coloca liderança brasileira em xeque

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Washington (EUA) – O embaixador da China nos Estados Unidos, Xie Feng, afirmou que Pequim está disposta a aumentar a importação de soja norte-americana, movimento que pode diminuir o espaço atualmente ocupado pelo Brasil no maior mercado consumidor do grão.

Declaração em café da manhã

Durante evento na sexta-feira (22) na capital americana, organizado pelo Conselho de Exportação de Soja dos EUA e pela Câmara de Comércio da China para Importação e Exportação de Alimentos, Xie classificou a soja como exemplo de “relação econômica mutuamente benéfica” entre os dois países. “Precisamos de mais, não de menos”, disse o diplomata a representantes de empresas agrícolas, associações de classe e acadêmicos.

Participação de mercado

Hoje, cerca de 70% da demanda chinesa de soja é suprida pelo Brasil, enquanto os Estados Unidos respondem por pouco mais de 20%. Em 2024, a China importou 105,03 milhões de toneladas do grão, desembolsando US$ 52,8 bilhões. Deste volume, 74,6 milhões de toneladas (71,1%) vieram do Brasil e 22,1 milhões (22%) dos EUA.

O país asiático consome 61,1% da soja negociada globalmente, motivado sobretudo pela produção de ração para suínos e aves. Apenas 15% da necessidade interna é coberta pela produção local; os 85% restantes dependem de fornecedores externos.

Contexto da guerra comercial

Washington e Pequim vivem uma trégua tarifária iniciada em 12 de maio, quando concordaram em reduzir temporariamente as taxas de importação por 90 dias. As tarifas dos EUA sobre produtos chineses caíram de 145% para 30%, enquanto a China reduziu de 125% para 10% as cobranças sobre mercadorias americanas. O prazo foi prorrogado até 12 de novembro.

Em 10 de agosto, o presidente norte-americano, Donald Trump, pediu publicamente que a China “quadruplique rapidamente” as compras de soja dos EUA. No dia seguinte, a Associação Americana de Soja enviou carta à Casa Branca agradecendo o apelo e relatando “estresse financeiro extremo” provocado pela queda de preços e pelo aumento de custos para produtores.

Efeitos sobre exportadores

Segundo Xie Feng, as tensões comerciais recentes fizeram as exportações agrícolas dos EUA para a China recuarem 53% no primeiro semestre de 2025, com a soja caindo 51%. A agência Reuters informou que, até o momento, não há registros de compras chinesas de soja norte-americana para o quarto trimestre deste ano.

China cogita ampliar compras de soja dos EUA e coloca liderança brasileira em xeque - Imagem do artigo original

Imagem: Paolo Aguilar

Apesar disso, o embaixador avalia que o produto dos EUA deve voltar a ter papel relevante nas negociações do acordo comercial em curso. Ele defendeu cooperação em áreas como agricultura de precisão, biotecnologia e irrigação eficiente.

Histórico de mudança de fornecedores

Os EUA eram os principais abastecedores de soja da China até 2012. A partir de 2013, o Brasil passou a liderar e, em 2018 – após a primeira rodada de tarifas impostas por Trump e a retaliação de Pequim –, alcançou 75,1% de participação, enquanto os norte-americanos caíram para 18,9%.

Em janeiro de 2020, as duas potências assinaram o acordo comercial de “Fase Um”, que previa compras chinesas adicionais de US$ 40 bilhões anuais em soja dos EUA por dois anos. As metas, contudo, foram cumpridas em cerca de 73% entre 2020 e 2022, mantendo o Brasil na dianteira.

A eventual mudança na política de importação chinesa volta a colocar em risco essa hegemonia brasileira, enquanto produtores dos Estados Unidos veem na retomada do comércio uma saída para a crise provocada pelas tarifas.

Com informações de Gazeta do Povo

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