A imposição de uma tarifa de 50% pelos Estados Unidos sobre carne bovina brasileira e seus subprodutos deve redirecionar o sebo bovino que hoje vai para exportação, aumentando a disponibilidade da matéria-prima para a produção interna de biodiesel, afirmam representantes do setor.
De janeiro a julho, o Brasil embarcou 290,8 mil toneladas de sebo bovino, volume que corresponde a cerca de 91% de todo o total exportado em 2024, segundo a Scot Consultoria, em Bebedouro (SP). Os Estados Unidos absorveram quase 98% desses embarques.
Com o novo tributo, previsto para vigorar a partir de 6 de agosto, o envio de sebo ao mercado norte-americano tende a perder viabilidade. “A tarifa torna a operação praticamente proibitiva”, avaliou André Nassar, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove).
Apesar da retração esperada nas vendas externas, Nassar acredita que a demanda interna pode aliviar parte do impacto. Indústrias de biodiesel — inclusive frigoríficos que produzem o combustível, mas não processam sebo em quantidade suficiente — deverão aumentar a compra do insumo no mercado doméstico.
Hoje, 75% do biodiesel brasileiro é fabricado a partir de óleo de soja, segmento representado pela Abiove. A participação do sebo tende a crescer diante da nova conjuntura de mercado.

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Exportações aceleradas antes do tarifário
Para Alcides Torres, fundador da Scot Consultoria, exportadores adiantaram embarques antes da entrada em vigor da tarifa, o que ajudou a explicar o ritmo forte observado até julho. Ele classifica o imposto como um “quase embargo” às vendas de carne bovina e derivados do Brasil para os Estados Unidos.
Torres avalia ainda que parte dos volumes poderá ser desviada a países vizinhos, de onde o produto seria reexportado aos EUA, manobra que evitaria a sobretaxa e ampliaria a carteira de compradores.
Com informações de InfoMoney