Brasília — A Procuradoria-Geral da República (PGR) protocolou nesta sexta-feira (22) uma denúncia no Supremo Tribunal Federal (STF) contra o perito Eduardo Tagliaferro, ex-assessor do ministro Alexandre de Moraes no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Entre agosto de 2022 e maio de 2023, Tagliaferro chefiou a Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação (AEED) do TSE. Ele deixou o Brasil afirmando correr riscos após denunciar a atuação do ex-chefe.
Acusações formuladas
O procurador-geral da República, Paulo Gonet, atribui ao ex-assessor quatro crimes:
- violação de sigilo funcional;
- obstrução de investigação de organização criminosa;
- coação no curso do processo;
- tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito.
Gonet solicitou ainda que o STF fixe valor de reparação por danos provocados pelas supostas condutas.
Motivos apontados pela PGR
Segundo a denúncia, Tagliaferro divulgou à imprensa diálogos sigilosos mantidos com servidores do STF e do TSE para “colocar em dúvida a legitimidade” de investigações em andamento e incentivar atos antidemocráticos. À época dos vazamentos, o Supremo apurava:
- a tentativa de golpe de Estado (Pet. 12.100/DF);
- a propagação de notícias falsas (Inq. 4.781/DF);
- a atuação de milícias digitais (Inq. 4.784/DF).
Para a PGR, o ex-assessor agiu de forma “livre, consciente e voluntária”, atendendo a interesses de uma organização criminosa dedicada à desinformação sobre o sistema eletrônico de votação e às instituições republicanas.

Imagem: Alejandro Zambrana
Fatos citados na peça
O órgão sustenta que Tagliaferro também tentou atrapalhar a apuração sobre a suposta tentativa de golpe em 2022. Já fora do país, ele teria ameaçado revelar novos dados sigilosos em território estrangeiro.
A denúncia menciona ainda:
- inquérito aberto por Moraes em agosto de 2024, após reportagens da Folha de S.Paulo mostrarem diálogos entre Tagliaferro e o juiz instrutor Airton Vieira;
- mensagens divulgadas pela Gazeta do Povo em abril de 2025, nas quais o ex-assessor diz temer ser preso ou morto pelo ministro;
- entrevista concedida em 30 de julho ao jornalista Allan dos Santos, no YouTube, logo depois de o governo dos Estados Unidos anunciar sanções contra Moraes com base na Lei Magnitsky;
- campanha de arrecadação divulgada em redes sociais, via chave Pix, intitulada “Ajude o Tagliaferro a ir aos USA na Timeline expor as provas do TSE”.
O processo agora aguarda análise do relator no STF.
Com informações de Gazeta do Povo